Biden EUA Internacional Mundo

Após descoberta de documentos confidenciais, Biden quer evitar comparações com Trump e diz cooperar com as investigações

AFP – O presidente americano Joe Biden está na defensiva após a descoberta de novos documentos sigilosos na casa de sua família e alegou um “erro”, nesta quinta-feira (12), temendo que seu caso seja comparado ao do ex-presidente Donald Trump. O procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, nomeou Robert Hur, ex-promotor federal, para investigar sobre o caso.

O anúncio visa abafar qualquer suspeita de favorecimento, uma vez que Merrick Garland já havia nomeado um procurador especial para investigar Donald Trump e os documentos sigilosos levados pelo ex-presidente, em número bem maior.

O desafio de Joe Biden, que planeja se candidatar novamente em 2024, é, claro, acabar com qualquer paralelo entre seu caso e o de seu antecessor, já candidato.

A Casa Branca insiste que o atual presidente democrata está colaborando ativamente com a justiça, ao contrário de seu antecessor, que é suspeito de ter ocultado deliberadamente parte de seus arquivos.

Colaboração com a Justiça
“Estamos tentando fazer tudo de acordo com as regras”, disse e repetiu sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, durante uma coletiva de imprensa na quinta-feira, com jornalistas impacientes para questionar sobre o assunto. Os repórteres chegaram a pedir a um conselheiro da Casa Branca, convidado na última da hora para falar sobre assuntos internacionais, para ser breve e passar rapidamente ao tema.

A porta-voz assegurou que Joe Biden estava trabalhando com a maior “transparência”, mas tentou evitar o assunto várias vezes, em nome da independência da justiça.

“Uma investigação cuidadosa mostrará que esses documentos foram extraviados inadvertidamente e que o presidente e seus advogados agiram prontamente ao descobrir esse erro”, disse o procurador presidencial Richard Sauber em comunicado.

A Casa Branca disse na quinta-feira que um “pequeno número de documentos confidenciais” relacionados ao trabalho de Joe Biden como vice-presidente (2009-2017) foram encontrados na noite de quarta-feira em sua residência particular em Wilmington, Delaware (leste), armazenados na garagem e em uma sala adjacente.

Na segunda-feira (9), o executivo americano já havia reconhecido que uma dezena de documentos desse tipo havia sido descoberta em novembro no Penn Biden Center, um think tank em Washington onde Joe Biden já teve um escritório.

Karine Jean-Pierre encerrou a coletiva sem explicar por que o executivo norte-americano comunicou imediatamente sobre os documentos encontrados em Wilmington, mas esperou dois meses, e a publicação das revelações na imprensa, pelos encontrados no Penn Biden Center, em Washington.

As revelações dos documentos e a nomeação de um procurador independente acentuaram as pressões sobre o presidente, constata o correspondente da RFI em Washington, Guillaume Naudin.

Caixas de documentos
O presidente americano, questionado diretamente na quinta-feira, apareceu na defensiva. “Documentos confidenciais ao lado do seu Corvette, mas o que você tem em mente?” , perguntou um jornalista do canal conservador Fox News, em referência ao carro esportivo de Biden.

“Meu Corvette está em uma garagem trancada” e não “na rua”, retrucou nervosamente o democrata sobre seu carro favorito. Uma lei de 1978 obriga os presidentes e vice-presidentes americanos a enviar todos os seus e-mails, cartas e outros documentos de trabalho para o Arquivo Nacional.

O ex-presidente Donald Trump está enfrentando um indiciamento federal exatamente pela gestão de seus registros. Ao sair da Casa Branca, ele levou caixas inteiras e devolveu apenas quinze, em janeiro de 2022, após solicitações. A polícia federal havia apreendido cerca de trinta outras, em agosto, em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida.

Merrick Garland confiou a investigação a um promotor especial, Jack Smith, assim como as investigações sobre o papel de Donald Trump no ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

O fato de também nomear alguém para investigar os arquivos de Joe Biden não acalmou a oposição republicana.

“Com ou sem procurador especial”, a Câmara dos Deputados, que acaba de ficar sob o controle dos conservadores, vai investigar “o tratamento inadequado de documentos sigilosos pelo presidente Biden e os esforços das elites democratas para ocultar essa informação” , prometeu em um comunicado James Comer, republicano, que preside uma poderosa comissão de inquérito da Câmara dos Deputados.

(Com informações da AFP)

Deixe um comentário

WordPress Ads