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Desinformação acende sinal de alerta nas ‘midterms’ nos Estados Unidos

AFP – Com as campanhas eleitorais de meio de mandato na reta final, os americanos podem enfrentar uma avalanche de desinformação sobre os resultados. Tendências recentes sugerem que a suposta fraude eleitoral será um dos grandes problemas.

Apesar de serem repetidamente rebatidas desde a eleição presidencial de 2020, alegações de jogo sujo permearam a mente dos eleitores.

Cerca de 40% dos republicanos e 25% dos democratas vão culpar a fraude, se seu partido não ganhar o controle do Congresso em 8 de novembro, de acordo com uma pesquisa recente da Axios-Ipsos.

Tal cenário, com redes sociais usadas como armas políticas e também, potencialmente, por atores estrangeiros, representa um risco contínuo para a democracia nos Estados Unidos.

“Haverá um esforço contínuo para minar a confiança no sistema”, advertiu Larry Norden, diretor do Programa de Eleições e Governo do “think tank” liberal Brennan Center for Justice, citando as “mentiras em torno da eleição” como seu principal temor.

Alegações falsas e enganosas estão proliferando no país.

No Colorado, páginas partidaristas on-line interpretaram, equivocadamente, o erro de uma base de dados como um esforço coordenado dos democratas para que os cidadãos não votem. Publicações nas redes sociais no Alasca e em Ohio enganaram alguns eleitores para fazê-los acreditar que as cédulas enviadas por correio sem o carimbo adequado não seriam contadas.

Autoridades eleitorais em todo país criaram sites para se preparar para a enxurrada de desinformação.

Embora as teorias da conspiração venham sendo combatidas há dois anos, e o ex-presidente Donald Trump e seus aliados tenham perdido dezenas de processos judiciais, especialistas dizem que as crenças partidaristas se mantêm incólumes.

“Temos uma fatia do público americano que não acredita na legitimidade das eleições de 2020, apesar de toda ampla evidência”, afirmou a diretora da Agência de Cibersegurança e Infraestrutura (CISA, na sigla em inglês), Jen Easterly, em entrevista coletiva este mês.

Com os eleitores cada vez mais usando as redes sociais para se atualizar, os especialistas recomendam adotar as alegações de fraude eleitoral com extrema cautela.

“O voto fraudulento tende a ser pequeno e isolado”, frisou.

– Fraude é incomum –

A eleição presidencial de 2020 foi a mais segura da história dos EUA, segundo a CISA. Litígios, auditorias e recontagens apoiaram essa afirmação, contradizendo as repetidas alegações de Trump de suposto roubo de votos a favor de Joe Biden.

“Nenhuma das acusações de fraude generalizada se revelou verdadeira”, lembrou o diretor do Laboratório Eleitoral do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Charles Stewart, indicando, no entanto, que “isso não é o mesmo que dizer que não houve fraude“.

Após a última eleição geral, foram detectados casos isolados. Dos 65 milhões de votos antecipados emitidos por correio em 2020, houve apenas 12 condenações por fraude, de acordo com a base de dados do “think tank” conservador Heritage Foundation.

Estudos compilados pelo Brennan Center, que revisou casos de fraude antes de 2020, também mostraram que as falhas eleitorais não são comuns. Os americanos têm mais probabilidade de serem atingidos por um raio do que se fazerem passar por outro nas urnas, segundo um relatório do instituto.

“Quando a fraude acontece nas eleições, é mais provável que aconteça em pequenas dimensões e nas eleições locais, às quais não se presta muita atenção”, disse Stewart.

“Alegações de fraude para as grandes eleições são particularmente incomuns”, completou.

Os americanos que cometem esse tipo de crime enfrentam penas severas. Os condenados por acusações relacionadas com a eleição de 2020 foram multados em milhares de dólares. Alguns foram presos.

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