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Mulheres são acusadas de ‘feitiçaria’ e torturadas por 15 dias no Peru

AFP – O Ministério Público do Peru abriu, nesta terça-feira (12), uma investigação sobre o caso de sete mulheres acusadas defeitiçaria” que foram capturadas, despidas e açoitadas por membros de “patrulhas campesinas” de vigilância em um vilarejo remoto nos Andes.

As vítimas foram libertadas nessa quarta-feira,13, segundo o MP, após a intervenção das autoridades peruanas, que foram acionadas depois que um vídeo circulou nas redes sociais mostrando uma mulher pendurada por um dos pés, enquanto era açoitada para que confessasse supostos atos de bruxaria.

As mulheres foram capturadas em 29 de junho pelos “patrulheiros“, segundo meios locais. Elas têm entre 43 e 70 anos de idade. Um homem também foi detido, mas não há registros de que ele tenha sofrido maus-tratos.

“Foram retidas por [supostamente] praticar feitiçaria e acusadas pelo fato de que muitas pessoas [do vilarejo] perderam suas capacidades físicas e teriam perdido suas vidas”, explicou à AFP a defensora pública Eliana Revollar.

Os fatos ocorreram em Chillia, um vilarejo remoto nos Andes, situado cerca de 700 km ao norte de Lima, com 12.000 habitantes.

“Essas pessoas foram liberadas após firmar um documento no qual se comprometiam a não denunciar [os maus-tratos sofridos] e a não realizar feitiçaria“, acrescentou Revollar, cujo órgão tomou medidas sobre o assunto juntamente com o Ministério Público.

O MP, por sua vez, informou no Twitter que “sete mulheres e um homem foram libertados após serem detidos pelas patrulhas campesinas do distrito de Chillia”, acusados de feitiçaria.

Presidente do Peru, Pedro Castillo, durante pronunciamento em Lima
Foto: Presidência do Peru/Divulgação via REUTERS

O órgão judicial abriu uma “investigação de ofício pelo suposto crime contra a liberdade, com agravante, dessas pessoas”, acrescentou.

Esta é a segunda denúncia em uma semana contra as “patrulhas campesinas”, organizações criadas há quase meio século para combater o roubo de gado e que depois se voltaram contra as incursões da guerrilha maoísta Sendero Luminoso (1980-2000).

O presidente do país, Pedro Castillo, um professor rural de Cajamarca, era membro das patrulhas campesinas, cujas ações têm amparo em normas constitucionais sobre a justiça comunal, vigentes desde 1993.

Na semana passada, o MP abriu outra investigação após a denúncia de que uma equipe de reportagem de uma emissora de televisão foi retida e ameaçada por membros de patrulhas campesinas em Cajamarca, enquanto faziam indagações sobre a família de Castillo.

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