Brasil

Tragédia humana e ambiental no rompimento da barragem de Brumadinho

O rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho, Minas Gerais, na sexta-feira, 25 de janeiro, destruiu pelo menos 269,84 hectares de mata, o equivalente a cerca de 378 campos de futebol. Os dados, divulgados na quarta-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), foram obtidos por meio de imagens de satélite.

De acordo com as autoridades não é possível mensurar ainda os danos ambientais em decorrência do rompimento da barragem. No quesito mortes de pessoas, Brumadinho com 110 mortos – até a quinta-feira – que foram resgatados e que ainda tem 238 pessoas desaparecidas, supera a de Mariana que teve 19 mortos. As pessoas, tanto as que trabalhavam ou estavam no canteiro da Vale, quanto a população que morava nos arredores, foram abruptamente surpreendidos e arrastados pela lama.

A análise, realizada no trecho da barragem da mina Córrego do Feijão até a confluência com o rio Paraopeba, aponta que os rejeitos de mineração devastaram 133,27 hectares de vegetação nativa de Mata Atlântica e 70,65 hectares de Áreas de Proteção Permanente (APP) ao longo do curso d’água afetados pelos rejeitos de mineração, informa o Ibama. Segundo o instituto, foram comparadas imagens de satélite obtidas no segundo dia após o rompimento com imagens de 3 e 7 dias antes da tragédia. Ainda não foi estimada a área afetada pelos rejeitos nas margens do rio Paraopeba por causa de nuvens nas imagens via satélite.

O Ibama concluirá, nos próximos dias, um laudo técnico com a avaliação preliminar sobre os impactos ambientais causados pelo rompimento da barragem. Os mapas serão encaminhados para os órgãos envolvidos na resposta ao desastre. A barragem VI no Córrego do Feijão tem volume de 1 milhão de metros cúbicos de rejeito de mineração, segundo o Ibama.

Em razão do rompimento da barragem, o órgão aplicou cinco multas de R$ 50 milhões cada na Vale por: causar poluição que possa resultar em danos à saúde humana; tornar área urbana ou rural imprópria para a ocupação humana; causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento de água; provocar o perecimento de espécimes da biodiversidade; e lançar rejeitos de mineração em recursos hídricos.

Ao todo, a mineradora já tem R$ 12,6 bilhões bloqueados em sua conta por causa da tragédia. No mesmo dia do rompimento da barragem, o juiz de plantão da Vara de Fazenda Pública de Belo Horizonte, Renan Carreira Machado, determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão. Duas ações do Ministério Público de Minas Gerais resultaram em mais R$ 10 bilhões congeladas e, na quinta-feira, 31, a Justiça do Trabalho autorizou um bloqueio de R$ 800 milhões.

De acordo com o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, tenente Pedro Aihara, a operação entrou em uma fase difícil porque os corpos que serão localizados vão demandar um trabalho de escavação. “A velocidade no trabalho de resgate dos corpos deve ser menor”. Aihara também disse que as pancadas de chuva na região atrapalharam as atividades dos bombeiros.

Apesar disso, não existe possibilidade de novos deslizamentos: “A barragem está estável e não oferece risco de novo rompimento”. Segundo ele, a maioria dos corpos encontrados na quinta- -feira estavam no refeitório da Vale.

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