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Crônicas do dia a dia – Ah… o Passos Clube…

Edel Holz – Uma das minhas melhores lembranças da minha juventude eram as paqueras na porta do Passos Clube, encostada num carro parado na Rua Santo Antônio, rodeada de amigas, ­ flertando com os meninos encostados nos carros bem de frente pra nós.

De vez em quando, íamos no Trupikão pedir uma batata frita ou um chicken- in (o que dava pra rachar- a grana era curta) ou no bar do Gustinho tomar um suco natural, ou no Kako’s tomar um choppinho e ainda tínhamos a maravilhosa opção do sanduíche do Bolinha. O queijo derretido tostado dava um sabor especial a esse sanduba dos Deuses.

Nivalda e eu pisamos num cachorro pensando que era pedra e vimos nossos pés serem atropelados pelos pneus de um Fiat. Ficamos estáticas e só depois gritamos.
E o banheiro do Bar do Bolinha? As portas de plástico , a pia enorme entre os dois banheiros e a gente ia lá pra fumar escondido. De quem? De nós mesmas! Um dia, vi uma amiga pegar no maxilar de outra menina:- Se você continuar dando em cima do meu “homem”, eu quebro os seus dentinhos.
A menina gelou e a gente ficou claro do lado da corajosa e destemida que ia quebrar os dentes da outra. Teve uma noite que Grace e eu estávamos no banheiro, eu pra variar fumando escondido e sei lá como botei fogo no recinto.

Grace gritou:- Fogo! Fogo!
Saímos correndo, me fazendo de inocente e chegou logo o reforço, jogando água no fogaréu. E o dia que o Sanzio entrou com um cavalo dentro do salão principal? Foi um baita auê! E as discotecas de crianças e adultos? Tinha um moleque que sempre me chamava pra dançar e mascava chicletes no meu ombro. Que a­flição! Me lembro das músicas, dos beijos e dos namoros que começaram lá!

O Passos Clube foi palco de festas memoráveis, de desfiles de moda e bailes- muitos bailes – inclusive o de Debutantes! Eu mesma fiz. As Rainhas do Riso com Rosi Campos em 2009 quando o Rotary estava interditado, bem antes da Trupe Ventania e lotamos! Namorei muuuuito na varanda do Passos Clube … me lembro de Jorge, um modelo que Ana Brumani trouxe da Totem de Sampa que me beijou e disse:- “A Lia é linda” num trocadilho de A Lua é linda!

Meu irmão Gustavo lançou seu livro lá! O banheiro tinha espelhos e sofás pra descansarmos. Sonho um dia fazer uma superfesta pra mim e convidar amigos para relembrarmos os velhos tempos.

Quem sabe um show de Kleiton e Kledir que tanto retratam nossa época? Mas essa é uma outra história que ainda vai levar um tempo pra entrar na nossa futura memória!


SOBRE A COLUNISTA: Edel Holz é a mais premiada e consagrada atriz, roteirista, diretora e produtora teatral brasileira nos Estados Unidos. Inquieta e de mente profícua, Edel tem sempre um projeto cultural engatilhado para oferecer para a comunidade brasileira. Depois de anos de ausência, Edel volta a abrilhantar as páginas de um jornal. Damos as boas vinda à poderosa e de mente efervescente Edel.

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