Editorial

O papelão de Trump – Editorial 1412

Por: Alex Colombini
Durante todo o seu governo, Donald Trump deu amostras de sobras de que alguma coisa não andou bem com ele. Egocêntrico, arrogante, falastrão, impassível e sobretudo agressivo, o presidente dos Estados Unidos não deixou pedra sobre pedra. Desfez das instituições como bem entendeu, atacou a China e a Europa defendendo como poucas vezes se viu na história os pretensos interesses dos Estados Unidos, fazendo especialmente dos chineses o seu saco de pancadas predileto.

Atacou a ONU, a Organização Mundial da Saúde e tudo o que mais pode atacar. Esperto e intuitivo, soube como ninguém jogar para seu público para mantê-lo sempre ativo, ligado e unido em torno do seu pensamento, mesmo que isto significasse ultrapassar muitas vezes o limite da boa educação, da ética e da moralidade.

Igualmente atacou a imprensa e a mídia como jamais visto na história da política americana. Trump, foi estridente e gritão o tempo todo, acusando os meios de comunicação de conspirar contra si e seus seguidores acreditam piamente no que ele afirmou e afirma, mesmo que beire as raias da conspiração barata e inconsequente.

Desdenhou da ciência e das mudanças climáticas como se isto fosse a coisa mais normal do mundo. Também lutou como poucos para coibir qualquer tipo de imigração e se lhe fosse permitido teria mandado embora todo e qualquer estrangeiro legalizado ou não. Não poupou esforços para desfazer o Obamacare e o DACA, o que se tornou obsessão para ele e não fosse a justiça e os tribunais teria ido mais longe do que foi nestes quesitos. Sem contar a sua briga insana para levantar o muro na fronteira com o México e só não conseguiu porque não lhe deram dinheiro. Mas construir o muro seria mais uma das aviltações que não funcionaria de nada.

Como a despeito dos bons resultados na economia esquecer das lamentáveis separações de família que ousavam chegar à fronteira com os Estados Unidos. É desprezível tirar filhos dos seus pais sob qualquer pretexto, mesmo que estas pessoas estejam completamente erradas legalmente. Faltou sensibilidade e humanidade no trato com tal situação. Deu de ombros para toda e qual- quer tentativa de enquadramento sobre seus atos e atitudes, foi sobre tudo um legítimo representante de si mesmo e de um conservadorismo e de direita que se parece com tudo,

menos como uma tendência política em qualquer nível. Tido como um hábil homem de negócios, atrapalhou-se no trato pessoal e se cercou de gente que lhe fazia pajelança e aplaudia os seus desatinos por mais absurdos que fossem, inclusive quando tergiversou o quanto pode sobre a pandemia do novo coronavírus, minimizou os efeitos da doença e de quebra receitou um remédio sem comprovação científica de resultado eficaz.
Trump foi como dizemos lá no Brasil um casca grossa na sua amplitude, priorizando seu ponto de vista tacanho e imoral.

Mas o pior estava por vir, desde que sabia-se que ele seria candidato a se reeleger para governar o país por mais quatro anos. Lançou então a sua mais insana cruzada que foi a de colocar em dúvida o processo eleitoral nos Estados Unidos.

Há meses vem falando em uma improvável fraude e deixou claro que não iria aceitar nenhum resultado que fosse a sua vitória nas urnas. Ou seria isto ou não seria nada além.

Para tentar corroborar a sua falácia, levantou suspeitas sobre o voto pelo correio e acusou os democratas de lhe ‘roubarem’ a eleição.

Acontece, que a instituição do voto postal sempre foi largamente utilizado nos Estados Unidos e jamais se levantou a voz para colocar em questão a sua realização.
Abertas as urnas, o que se viu foi uma surra, inclusive em estados onde os democratas não venciam há décadas e foi uma derrota acachapante com cerca de seis milhões de votos de diferença.

O certo é que Trump obteve cerca de 74 milhões de votos, o que o credencia para uma nova tentativa daqui a quatro anos. Mas voltando ao pleito de novembro passado, Trump não aceitou a derrota e tampouco deixou de buscar na justiça votos que não recebeu nas urnas.

Sua equipe de advogados foi in- cansável ao tentar provas a diversos magistrados que tinham razão, e bastava a palavra presidencial para corroborar fraudes e delitos eleitorais. Ou seja, jamais houve qualquer tipo de fraude e mesmo juízes e autoridades republicanas, não se deixaram levar pelo canto da sereia de Donald Trump.

Espera-se que o presidente não seja conduzido para fora da Casa Branca no fim do seu mandato, pois este seria o epílogo de um papelão de um presidente que jamais levou a sério o seu verdadeiro lugar de estadista.

Vai ser trágico e cômico se isto de fato acontece

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