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SOS da Vida – Mulheres feridas no corpo e na alma

Eliana Pereira Ignacio – Olá, meus caros leitores hoje quero convidá-los a ler neste momento para uma reflexão sobre “em mulher não se bate nem com uma flor”, adágio popular, aparentemente romântico, que acompanha gerações, em diferentes épocas e culturas, e que nunca esteve tão em voga como nos dias de hoje.

Acredito que o referido dito seja uma delicada tentativa de se quebrar a cultura machista de manter as mulheres sob a pressão da subserviência, do medo e, sobretudo, da violência que marcam indelevelmente uma triste época da convivência entre os humanos de sexos opostos no transcorrer da história que nos contam desde Adão e Eva.

E por falar nesse simpático casal que protagoniza o Gênesis bíblico, não foi por acaso a escolha da costela do homem para dar origem a mulher. Hebreus nos relata, em seu capítulo 13, especificamente nos versículos 5 e 6, que Deus quis com isso demonstrar que “a mulher não deve ficar nem atrás nem à frente do homem, mas ao seu lado como ajudadora”. E reforça a afirmativa dizendo que “ser ajudadora não é ser inferior pois o próprio Deus é nosso ajudador”. Também podemos nos valer dos ensinamentos de Paulo em Efésios capítulo 5 verso 24, quando afi rma que; “como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.”

Embora as interpretações da Palavra sejam as mais diversas e convenientes aos interesses de nós, pecadores, em diferentes épocas de nossa existência, a verdade é que cresceu a percepção da sociedade civil de que a violência doméstica é uma das maiores preocupações da mulher cuja causa não é outra a não ser o fenômeno de sua ascensão sociocultural e, principalmente, profissional desde meados do século XX e com apogeu neste início de século XXI. Não há mais diferença entre os dois sexos.

Há muito o sexo frágil deixou de lado essa premissa e impôs a força do pensamento, da personalidade, da cultura, da igualdade, da isonomia e, sobretudo, do bom senso que fez dele, o sexo frágil, alvo daquilo que, até agora, não conseguiu reverter em relação ao sexo forte: a força física e a violência psicológica.

A violência física tornou-se algo mais controlado, a punição ficou mais eficaz e em conta partida a violência psicológica tornou-se mais usual. Pois; ela se caracteriza por comportamentos sistemáticos que seguem um padrão específi co, objetivando obter, manter e exercer controle sobre a mulher. Tem início com as tensões normais dos relacionamentos, provocadas pelos empregos, preocupações financeiras, hábitos irritantes e meras diferenças de opinião. Nestes tipos de relacionamentos, as tensões aumentam, começando então uma série de agressões psicológicas, até chegarem às vias de fato.

O abuso emocional pode ocorrer de diferentes maneiras, mas todas com o objetivo de dominar a mulher, ter o poder sobre ela, e com isso destruir aos poucos seu autorrespeito e a sua autoestima. Pode envergonhá-la em público, gritando ou humilhando-a, controlá-la excessivamente, fazer críticas constantemente e xingamentos, lançar acusações e blasfêmias contra seus pais e outros parentes aos quais ela é muito ligada, e proibi-la de tomar decisões ou opinar em assuntos familiares e, até mesmo, em seus assuntos particulares.

As mulheres vítimas do abuso emocional vivem a todo tempo com medo e receio do vitimizador. Elas não esperam por isso, acha que esse tipo de abuso não vai acontecer com elas – se é que já ouviu falar desse tipo de violência. Sempre buscam explicações para os comportamentos sofri dos, achando normal seu ciúme, se sentindo protegida com seus controles e atitudes que lhe impedi de tomar decisões e expor suas opiniões, quando percebe que está em um relacionamento deformado, que lhe aprisionou emocionalmente, tem dificuldade de encontrar uma saída.

Promessas de mudança, dão à violência um caráter cíclico, traduzido por momentos intercalados de agressões e amor, fato que contribui para que a mulher permaneça durante anos vivenciando uma relação violenta. Por esta razão, é importan te que a mulher conheça as especifi cidades do ciclo em que está envolvida, a fi m de encontrar meios de sair da situação. Uma característica comum àqueles que praticam abusos emocionais é a habilidade para encontrar o ponto fraco da mulher, para utilizar como uma arma.

Os vitimizadores não desistem, quando eles percebem que seus gritos e suas palavras abusivas não mais humilham a mulher, eles usam outras armas, novos abusos, e com isso podem querer afetar os filhos, ameaçando ou maltratando, bater em animais de estimação ou deteriorar a propriedade da mulher, como arranhões no carro.

Com isso, o golpe emocional faz com que a mulher perca sua identidade, autoconfiança e autorrespeito, pois a crueldade constante sofrida, leva até ao trauma emocional, gerando marcas profundas nessas vítimas, muitas dessas sendo irreparáveis.

Não se calem busquem ajuda!!! Senhor meu Deus, clamei a ti, e tu me saraste.

Salmos 30:2 Até a próxima semana!!


Eliana Pereira Ignacio é psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualifi cações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jornaldossportsusa.com

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