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Trump escondeu documentos e possivelmente tentou obstruir investigação, dizem autoridades

O Departamento de Justiça solicitou um mandado de busca e apreensão para a residência de Donald Trump na Flórida depois de obter evidências de que documentos altamente confidenciais foram provavelmente escondidos e que os representantes do ex-presidente dos EUA alegaram falsamente que todo o material sensível havia sido devolvido, de acordo com documento anexado a um processo judicial pelo departamento na terça-feira.

A anexação de novas informações veio em resposta ao pedido de Trump de uma revisão independente dos materiais apreendidos em Mar-a-Lago. Mas foi muito além disso, pintando o cenário mais claro até agora dos esforços do Departamento de Justiça para recuperar os documentos antes de autorizar a busca extraordinária na propriedade de um ex-presidente em 8 de agosto.

Entre as novas descobertas feitas nas 36 páginas anexadas estavam que a busca encontrou três documentos classificados sobre as mesas no escritório de Trump e mais de 100 outros em 13 caixas ou contêineres na residência, incluindo alguns ultrassecretos. Foi o dobro de documentos confidenciais entregues voluntariamente pelos advogados do ex-presidente, que juraram ter devolvido todo o material exigido pelo governo.

A investigação sobre a retenção de documentos do governo por Trump começou como uma tentativa relativamente simples de recuperar materiais que funcionários do Arquivo Nacional passaram grande parte de 2021 tentando reaver. Os documentos anexados na terça-feira deixam claro que os promotores estão agora inequivocamente focados na possibilidade de que Trump e aqueles ao seu redor tenham agido criminalmente para obstruir a investigação.

“Os registros do governo provavelmente foram escondidos e removidos” do depósito em Mar-a-Lago depois que o Departamento de Justiça enviou ao escritório de Trump uma intimação para devolver quaisquer documentos sigilosos, disseram os investigadores no documento, antes de concluírem que “provavelmente foram feitos esforços para obstruir a investigação do governo”.

O arquivo anexado ao processo inclui ainda uma fotografia dos materiais recuperados da residência de Trump: cinco pastas amarelas marcadas como “Top Secret” (Ultrassecreto) e outra vermelha com a etiqueta “Secret” (Secreto). O conteúdo específico dos materiais que o governo recuperou na busca também permanece incerto — assim como o risco para a segurança nacional da decisão de Trump de reter os papéis recuperados.

No entanto, não se espera que o departamento apresente acusações em breve, se o fizerem, sejam elas referentes à investigação referente aos documentos ou sobre a que investiga o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, por turbas favoráveis ao republicano. À Bloomberg, fontes afirmam que o Departamento de Justiça irá esperar as eleições legislativas de novembro passarem para apresentar acusações se achar que as evidências são suficientes.

Pelas regras do departamento, ignoradas durante o mandato de Trump, os promotores são vetados de apresentar acusações formais que possam ajudar ou prejudicar um candidato nos 60 dias antes do pleito — ou seja, 10 de setembro.

Embora os documentos anexados tenham fornecido novas informações importantes sobre o cronograma da investigação, muitas delas foram mencionadas, com menos detalhes, no depoimento usado para obter o mandado, cujo conteúdo um juiz federal revelou na semana passada. Entre as divulgações mais importantes estavam as que diziam respeito às ações da equipe jurídica de Trump e se eles enganaram funcionários do Departamento de Justiça e do FBI.

O esforço do departamento começou em maio, depois que o FBI examinou 15 caixas de documentos que os Arquivos Nacionais haviam recuperado anteriormente de Mar-a-Lago depois de meses pedindo aos representantes de Trump que devolvessem os registros perdidos. A agência encontrou 184 documentos classificados nesse lote inicial.

Em 11 de maio, os advogados do departamento obtiveram uma intimação para recuperar todos os materiais confidenciais que não foram entregues pelo ex-presidente. Em 3 de junho, sua equipe apresentou aos agentes do FBI 38 documentos adicionais marcados como classificados, incluindo 17 ultrassecretos.

Mas um dos advogados de Trump presente durante a busca “proibiu explicitamente o pessoal do governo de abrir ou olhar dentro de qualquer uma das caixas que permaneceram no depósito, não dando oportunidade para as autoridades confirmarem que não restava nenhum documento sigiloso”, segundo o documento anexado na terça-feira.

A equipe de Trump também forneceu à divisão de segurança nacional do Departamento de Justiça uma declaração escrita em nome de seu escritório por Christina Bobb, um dos advogados do ex-presidente que atuava como “guardiã” formal dos arquivos.

A declaração de Bobb foi anexada ao processo na terça-feira. Nela, a advogada escreveu que “com base nas informações que me foram fornecidas”, houve uma busca “diligente” e todos os documentos que responderam à intimação estavam sendo devolvidos. Mas as autoridades policiais logo encontraram evidências de que a declaração era falsa.

O FBI “descobriu várias evidências indicando que a resposta à intimação do grande júri de 11 de maio estava incompleta e que documentos confidenciais permaneciam nas instalações, apesar da certificação juramentada feita ao governo em 3 de junho”, disse o documento do Departamento de Justiça. “Em particular, o governo encontrou evidências de que uma busca limitada ao depósito não teria descoberto todos os documentos confidenciais nas instalações”.

O documento observou ainda que “o FBI, em questão de horas, recuperou o dobro de documentos sigilosos do que a ‘busca diligente’ que a advogada do ex-presidente e outros representantes tiveram semanas para realizar”, fato que disse que “chama à atenção por questionar seriamente as declarações feitas na certificação de 3 de junho e põe em dúvida a extensão da cooperação neste assunto”.

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