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Trump confirma plano de retirar soldados americanos da Alemanha

Por Deutsche Welle – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na segunda-feira (15) que seu país diminuirá significativamente a presença militar na Alemanha, acusando um de seus maiores aliados na Europa de agir de modo “delinquente” em relação a suas contribuições financeiras para a Otan, além de tratar injustamente os americanos no comércio internacional.

“É um custo tremendo para os Estados Unidos”, afirmou o presidente ao anunciar a redução do contingente americano em solo alemão, segundo ele de 52 mil soldados. “Vamos diminuir esse número para 25 mil soldados.”

Dados do Pentágono diferem dos números citados pelo presidente, apontando que entre 34 mil e 35 mil soldados estão atualmente em caráter permanente nas bases americanas em solo alemão. Se incluídas as unidades militares em rotação, o número pode chegar apenas temporariamente a 50 mil. Além do contingente militar, há também em torno de 17,5 mil civis americanos que trabalham para o Departamento de Defesa dos EUA na Alemanha.

Apesar de uma aparente confusão em relação aos números, a mensagem de Trump para a Alemanha, Europa e os demais aliados da Otan é bastante clara, com a exigência de que cumpram suas obrigações para com a aliança e tratem os EUA de modo que ele considera mais justo no que diz respeito aos negócios transatlânticos.

A Alemanha abriga mais soldados americanos do que qualquer outro país europeu
A presença militar dos EUA no território alemão é um legado deixado pela ocupação dos aliados após a Segunda Guerra Mundial, e formava a maior parte do escudo de defesa da Otan contra a União Soviética durante a Guerra Fria.

Apesar da diminuição da presença militar americana na Europa desde a decadência do regime soviético e da queda do muro de Berlim, a Alemanha permanece como um centro estratégico para as forças americanas. Além de servirem como uma barreira para a influência da Rússia, as Forças Armadas dos EUA utilizam as bases em solo alemão para coordenar ações militares na Europa, África e Oriente Médio.

Com o ressurgimento das ambições militares russas sob a liderança de Vladimir Putin, a presença americana em solo europeu ganhou nova relevância nas últimas duas décadas. Alguns países do leste e do centro da Europa, em posição mais vulnerável, vinham pressionando por um reforço das defesas americanas no continente.

Trump, porém, adotou a medida como forma de pressionar a Alemanha por suas contribuições para o orçamento da Otan, que considera insuficientes, e reforçar a ameaça de uma guerra comercial com a União Europeia (UE).

“A Alemanha é delinquente, eles vêm sendo delinquentes durante anos e devem à Otan bilhões de dólares, e têm que pagar. Nós estamos protegendo a Alemanha, e eles agem de modo delinquente. Isso não faz sentido”, criticou o americano.

Trump afirmou ainda que os militares americanos geram lucros ao país. “Eles são soldados bem pagos. Moram na Alemanha, gastam grandes somas de dinheiro na Alemanha. Todos os lugares ao redor daquelas bases são bastante prósperos. Então, a Alemanha sai ganhando.”

O presidente americano acusou várias vezes seus parceiros europeus da Otan de não cumprirem suas obrigações de investirem no mínimo 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país em defesa, deixando a maior parte dos custos para o líder histórico da aliança, os EUA. Berlim afirma que espera atingir essa meta até 2031.

Preocupação no governo alemão
Na semana passada, membros do governo alemão expressaram preocupação após a decisão de Washington vazar na imprensa americana, o que gerou novos questionamentos sobre o comprometimento dos EUA com diversos acordos internacionais que incluem os parceiros europeus e em relação à própria aliança do Atlântico Norte.

A ministra da Defesa da Alemanha, Annegret Kramp-Karrenbauer, afirmou que uma eventual decisão de reduzir o número de soldados nas bases americanas em solo alemão iria enfraquecer não só a Otan, mas também os próprios EUA. “O fato é que a presença de tropas americanas na Alemanha atende toda a segurança da aliança da Otan – e também a segurança americana. Essa é a base sobre a qual trabalhamos juntos”, comentou.

Também na semana passada, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, afirmou que a Alemanha “valoriza a cooperação com as forças americanas, que vem aumentando há décadas”, e acrescentou que essa colaboração “é do interesse de ambos os países”.

Ao confirmar a decisão, Trump voltou a acusar a maior economia da Europa de tratar os EUA de forma injusta no comércio internacional. “Estamos negociando com eles sobre isso, mas no momento eu não estou satisfeito com o acordo que eles querem fazer. Eles já custaram aos EUA centenas de bilhões de dólares durante anos no comércio, de modo que saímos prejudicados no comércio e também na Otan”, reclamou.

As relações entre Trump e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, vêm sendo marcadas por tensões.No fim de maio, a líder alemã rejeitou um convite para uma cúpula dos países do G7 em Washington, alegando preocupações com a pandemia de covid-19. Os EUA são os mais afetados pela doença em todo o mundo, com mais de 2 milhões de casos e 116 mil mortes.

Trump, que concorre à reeleição em novembro, contava com a reunião para transmitir uma imagem de liderança em um momento em que sua popularidade mantém a tendência de queda, segundo pesquisas de opinião. A recusa de Merkel minou a realização do encontro e forçou o americano a remarcá-lo para a segunda metade do ano, possivelmente, em setembro.

Trump surpreendeu ao afirmar que convidaria Putin para se juntar aos demais líderes do G7, afirmando que o grupo das sete grandes economias ocidentais estaria “ultrapassado”.

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