Comunidade

Brasileiro recorre a médico particular para evitar problemas imigratórios nos EUA

Agência Estado Por todo os Estados Unidos, clínicas e hospitais que atendem a população imigrante relatam queda nas consultas desde que a repressão do governo Trump começou. Em recente pesquisa nacional com funcionários da saúde realizada pela Migrant Clinicians Network, com sede em Austin, Texas, dois terços dos entrevistados disseram ter percebido relutância entre pacientes em busca de atendimento médico.

Atualmente, a maioria dos estados não cobre com o sistema público de saúde as necessidades médicas dos imigrantes, assim como da população de baixa renda do país. Na Carolina do Sul, um salário anual de US$ 16,9 mil é considerado muito alto para o seguro gratuito em uma família com três membros. Na Flórida, o valor limite baixa para US$ 100 mil.

E estados como a Luisiana e o Texas chegam a ser mais exigentes. Em Massachusetts, onde o sistema de saúde é referência para o país, imigrantes e pobres são tratados em hospitais porque o governo admite que a prevenção custa menos para os cofres públicos do que o uso das salas de emergência. Latinos pobres, em especial, sofrem com índices mais elevados de obesidade, diabetes, doenças hepáticas e pressão alta.

E a Casa Branca usou como argumento para tentar extinguir o Obamacare o alto custo pago pelos americanos para tratar de pessoas que vivem na ilegalidade. Grupos de defesa dos imigrantes discordam do governo e destacam que muitos estrangeiros descobriram caminhos alternativos para driblar o medo de ir a um hospital e encontrar um agente de imigração na saída.

A brasileira Roberta Feraco, médica formada em oftalmologia no Brasil e especializada em optometria nos Estados Unidos, atende em sua clínica, a Eye Focus Care, na cidade de Saugus, em Massachusetts, a milhares de brasileiros anualmente que preferem o atendimento em português e não querem ser taxados por onerar os cofres públicos. Segundo ela, os latinos de uma forma geral ainda não se preocupam muito com a visão mas o contingente de usuários de lentes e óculos aumentou com o uso excessivo de celulares e computadores.

Em sua clínica, ela realiza desde simples exames de vista até emergências como a de um brasileiro trabalhador da construção civil que furou a vista com um prego disparado por uma pistola. “O atendimento rápido conseguiu salvar seu olho embora ele tenha perdido 40% da visão”, conta Roberta Feraco.

Em sua sala de espera, o brasileiro Antônio Porto disse que foi salvo pela médica. “Eu vim realizar um exame e ela descobriu que eu sofria de hipertensão e me encaminhou para o Mass General (maior hospital de Massachusetts)”, conta ele. A médica já descobriu também seis casos de tumores no cérebro a partir de exames de vista. Uma das preocupações das organizações que tentam manter os hospitais isolados da polícia de Imigração é que os efeitos do tratamento médico adiado serão sentidos de muitas formas.

Segundo o professor de medicina Joshua M. Sharfstein, da Faculdade de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, “os hospitais e prontos-socorros vão receber mais pacientes doentes caso não permitam o atendimento primário gratuito”.

A oftalmologista Roberta Feraco disse que nos hospitais onde trabalhou 80 por cento dos clientes eram americanos e em sua clínica o quadro já é diferente com 90 por cento de pacientes brasileiros. Os planos de saúde oferecidos no mercado americano, além de caros, exigem o status imigratório do cliente ou pelo menos que ele seja portador de um seguro social.

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