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Crônicas do dia a adia – Cabeça Feita

Por: Edel Holz  – Morar no Rio nos idos dos 90 era delicioso demais. Fazia escola de teatro na Rua da Cruz Vermelha, perto da Central do Brasil e do Souza Aguiar. Trabalhava no Banco Econômico, na Rua do Ouvidor e ia a pé pra Martins Penna para economizar dinheiro. Papai pagava o aluguel e mandava uma graninha à mais para a diversão.
À noite, a galera do AP todinha, ligava pra outros amigos e todo mundo se encontrava no Cabeça Feita. O Cabeça ficava na Barão da Torre, no coração de Ipanema.

Era um bar que tocava o melhor da música brasileira na voz de Hebert Axul. Ele era afilhado do Alceu Valença, que de vez em quando dava o ar da graça. O casal de donos era de uma simpatia ímpar, a gente ia para o Cabeça de segunda a segunda.
Dinheiro somente para o chopp e a batata frita, que era a mais barata das porções. Quando um gatinho resolvia pagar a conta, a gente tirava a barriga da miséria. Lá, muitos namoros tiveram começo, meio e fim. Amizades foram construídas e amigas da onça traíam as do peito.

A música de Ebert Azul embalava nossas noites de beijos, abraços e muita prosa boa. Depois, caminhávamos livres no calçadão de Ipanema e pegávamos um táxi para a casa sem medo algum de sermos felizes.

A cantoria continuava no meio da rua, trocando as pernas. Dá uma saudade desse tempo que éramos jovens, cheias de sonhos e sem passarinho para dar água.
O Cabeça Feita mora dentro do meu coração para sempre e os segredos que vivemos lá guardarei na memória pra toda a eternidade!


SOBRE A COLUNISTA – Edel Holz é a mais premiada e consagrada atriz, roteirista, diretora e produtora teatral brasileira nos Estados Unidos. Inquieta e de mente profícua, Edel tem sempre um projeto cultural engatilhado para oferecer para a comunidade brasileira. Depois de anos de ausência, Edel volta a abrilhantar as páginas de um jornal. Damos boas vinda à Edel.

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