Cultura Local

Crônicas do dia a adia – O Carnaval ta chegandoooo!!!

Por: Edel Holz – O ano nem me lembro. Mas fui pra Barretos pra ir pela primeira vez na Festa do Peão mais famosa do Brasil. Me hospedei na casa da Joana D’arc, minha amiga querida. A casa dela, era uma delicia, super arejada. As refeições aconteciam na área de fora, que era separada por uma porta de vidro da sala de estar.

Sempre fui estabanada e naquele tempo era míope, pra piorar um pouco. Na noite passada, eu tinha dado uns beijos num jogador de volei gato chamado Davi e estava me aprontando pra sairmos `a noite. Barretos era uma delicia. Joana e eu tomávamos um “sucuzinho” de laranja com vodka o famoso “Hi- fi ” que fazia pedra falar. Aos 18 anos de idade, pertinho do Carnaval, tínhamos muitos sonhos e estávamos queimadas de sol.

Os pais da Joana foram `a missa. Eu estava brincando com o cachorro puddle da Joana que tinha o jeitinho de um paquera meu de Passos, nem vi a porta de vidro na correria e a atravessei como um raio atravessa a terra. Gritei- Joana! Atravessei a porta que nem o Scoobidu e nada me aconteceu!

Ela reagiu desesperada: Corre pro banheiro! Amarrou minha testa com meu bustiê branco, porque o sangue pulsava e espirrava pra todo lado, que nem filme de terror. Sangrava o pé, as pernas, o braço, as mãos e a coitada da Joana, tentando me passar tranquilidade, dizia: Calma, Del! Foi aí, que tocaram a campainha, Joana foi atender e era o melhor cirurgião plástico da cidade, que ouviu o estrondo e foi ver o que era. Eram vizinhos.

Que sorte! O anjo me levou pro hospital, me operou com pontos de plástica:23 pontos internos na testa e 18 no pé esquerdo. Quando os pais da Joana chegaram no hospital, eu já estava prontinha pra ir pra casa. Meu paquerinha jogador foi me visitar e disse:- Nossa… nem assim você fi ca feia… Eu parecia uma múmia, tava toda enrolada por aquela faixa bege feiosa.

Não quis esperar pra tirar os pontos, porque queria muito o colinho da minha mãe e em Passos um médico cego de um olho e já bem velhinho, tirou os pontos internos e externos de uma vez, me deixando com a testa que nem a do Frankestein.
Pra minha carreira de atriz, isso me atrapalhou muito quando fazia testes pra TV.

Em Passos, toda remendada, fui ao ensaio da Malandro é o Gato. Sambei a noite toda, mas não pude desfilar. Torci pela minha escola, ganhamos naquele ano, pulei muito Carnaval no CPN e decidi nunca mais me separar das minhas lentes de contato pra não atravessar mais portas como num desenho animado. Afi nal… descobri que não sou o Scoobidu. Sou humana, de carne e osso!


SOBRE A COLUNISTA: Edel Holz é a mais premiada e consagrada atriz, roteirista, diretora e produtora teatral brasileira nos Estados Unidos. Inquieta e de mente profícua, Edel tem sempre um projeto cultural engatilhado para oferecer para a comunidade brasileira. Depois de anos de ausência, Edel volta a abrilhantar as páginas de um jornal. Damos as boas vinda à poderosa e de mente efervescente Edel.

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