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Crônicas do dia a dia – O ofício de ator

 Por: Edel HolzQuando era pequena, assistia meu Irmão Gustavo se desdobrar em mil. Ele já foi Herodes, Édipo, Sanctus, o Inspetor Geral, um homossexual em Os Rapazes da Banda, um corintiano roxo chamado Amadeu… E quando a cortina se fechava, ele era meu Irmão Gustavo de novo.

As pessoas na plateia o aplaudiram quando ele fingia ser outra pessoa e quando me perguntavam o que eu seria quando crescesse, não tinha dúvidas. Dizia: Atriz! Fui morar no Rio, fiz escola de teatro e me descobri uma excelente produtora. Me apaixonei por Sófocles, Tchekov, Jorge Andrade, Martins Penna, Nelson Rodrigues, Shakespeare, Moliere e tantos outros…

Dividi meu camarim com Fernanda Montenegro e Marília Pêra quando o Projac ainda estava sendo construído e foi ali que chorei de emoção no meu primeiro trabalho na tv: Incidente em Antares- que foi dirigido pelo magnífico Paulo José. Fiz uma cena pequenininha com Tarcisinho em Éramos Seis, outra participação com Victor Fasano e Cássio Gabus em Tropicaliente, uma cena inesquecível em Sangue do meu Sangue com a eterna diva Tônia Carrero, mas o palco é onde me realizo.
Ninguém sai de uma casa de espetáculos da mesma maneira que entrou. O teatro cura as doenças da alma. Amo dar aulas de teatro, descobrir talentos, escrever peças, mas minha paixão mesmo é emocionar em cena.

É estar em cena seja em drama ou comédia. É arrancar o riso e as lágrimas de quem não se emociona facilmente. É ser plena e inteira, fazendo aquilo que amo fazer. Na Terra do Tio Sam, vira e mexe gravo um comercial ou institucional em português.
Que delícia! Ano que vem, o Teatro Brasileiro de Boston completará 20 anos. O curso livre de Teatro Edel Holz hoje tem seu próprio espaço em Woburn e o teatro é uma Organização não governamental. Dia 14 de dezembro estreiaremos nossa peça de Natal.

Um dia, o inesquecível José Wilker me disse: o talento nasce com a gente, mas a vocação é o que nos mantém na produção. Quando iniciei o Teatro Brasileiro de Boston e diante às dificuldades que tive: nevascas, tempestades, falta de patrocínio, amadorismo, etc., me lembrei do Wilker e constatei que eu tenho vocação! Amo meu ofício e quando amamos o que fazemos, não soa como trabalho.
Viva o Teatro, o cinema, a tv, os atores, diretores, escritores, produtores e técnicos de espetáculos do mundo inteiro! A arte nos salva nos resgata e nos protegerá para sempre, Amém!


SOBRE A COLUNISTA: Edel Holz é a mais premiada e consagrada atriz, roteirista, diretora e produtora teatral brasileira nos Estados Unidos. Inquieta e de mente profícua, Edel tem sempre um projeto cultural engatilhado para oferecer para a comunidade brasileira. Depois de anos de ausência, Edel volta a abrilhantar as páginas de um jornal. Damos as boas vinda à poderosa e efervescente Edel.

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