Política

Desafiador, Maduro assume segundo mandato sob pressão internacional

Nicolás Maduro assumiu na quinta-feira, 10, seu segundo mandato como presidente da Venezuela sob pressão da comunidade internacional e com uma retórica agressiva contra a oposição. O líder chavista ameaçou dissolver a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, mas sem poderes efetivos há três anos, caso ela promova “um golpe de Estado”. Já os opositores pediram que os militares insatisfeitos derrubem o regime.

A posse foi criticada por EUA, União Europeia, OEA e países sul-americanos. Foi a primeira vez na Venezuela que um presidente assumiu o cargo diante do Judiciário, não do Parlamento. Em seu discurso, Maduro disse que a dissolução ocorreria por meio da Assembleia Constituinte, criada em 2017 para escrever uma nova Constituição e substituir, na prática, o Parlamento controlado pela oposição.

Segundo ele, o Legislativo poderia ser fechado e novas eleições convocadas se os constituintes julgassem necessário. O Parlamento venezuelano segue se reunindo desde que foi eleito, em 2015, e prometeu não reconhecer a presidência de Maduro. Segundo os opositores, é o primeiro governo não democrático desde o fim da ditadura de Marco Pérez Jiménez, em 1958.

O Grupo de Lima, composto por países sul-americanos que monitoram a crise, exige que Maduro deixe o cargo e a Assembleia Nacional conduza um governo de transição. O novo presidente do Parlamento opositor, Juan Guaidó, pediu na quarta-feira, aos militares insatisfeitos que atuem contra o governo. “Fazemos um pedido às Forças Armadas, aos oficiais honrados que não se deixaram corromper: deem um passo à frente e desconheçam o que não foi produto do voto popular”, afirmou.

Maduro foi eleito em abril do ano passado em uma eleição boicotada pela oposição, com 70% de abstenção e denúncias de fraude. A votação foi antecipada para abril, em uma tentativa de amenizar os efeitos da crise econômica sobre o eleitorado. Em Washington, a OEA aprovou resolução que não reconhece a legitimidade do novo mandato de Maduro. Em uma votação rápida, que durou cerca de 30 minutos, 19 países do Conselho Permanente aprovaram o texto. O Brasil foi um dos países que lideraram a redação da resolução.

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