Brasil Editorial Política

Editorial da Edição 1423 – Um país de boçais

Jehozadak Pereira

Nos últimos tempos o Brasil vive de crise em crise, na maioria das vezes protagonizada por figuras do governo ou de algum modo ligadas ao presidente Jair Bolsonaro. Até na quinta-feira, 18, haviam morrido mais de 240 mil pessoas vitimadas pela Covid-19, sem que isto provocasse no mandatário da nação qualquer gesto de empatia ou solidariedade.

Ao contrário, Bolsonaro tem a ideia fixa de acabar com a imprensa, seja por qualquer pretexto for, a começar da inaptidão de habilitar as funções básicas do seu Facebook. Negacionista e cético, Bolsonaro tem feito de tudo para desestimular a população a se imunizar contra o novo coronavírus, duvidando e questionando a vacinação.

Além disto, o presidente elegeu o combate e o extermínio do comunismo e da esquerda como prioritário, sem ter a menor noção de que tanto um quanto o outro há muito deixaram de ser um risco para a democracia brasileira. Aliás, Bolsonaro e sua gente buscam por inimigos imaginários o tempo todo e se dependesse deles, muitas coisas teriam deixado de existir no país.

Globo, imprensa, João Doria, globalismo, Facebook, entre outros itens. Tem também o arrogante e boquirroto, Olavo que se julga o druida-mor de gauleses, bretões, ogros e broncos, estas últimas duas espécimes em alta e em voga atualmente no Brasil. Porém, desde sempre elegeram o Supremo Tribunal Federal (STF) como alvo principal da sua fúria e rancor e mostram-se propensos a fazer justiça com as próprias mãos e com as palavras para conseguir o seu intento.

A primazia dos ataques ao STF foi do Dudu Bananinha, mais conhecido como 03, para quem um cabo e um soldado bastariam para fechar a corte e destituir o órgão, de preferência prendendo os seus integrantes, como se fossem pessoas comuns. Não é preciso dizer que depois de desmentidos e panos quentes, ficou o dito pelo não dito, e ficou no ar a impressão de que Bolsonaro pensa do mesmo modo que seu filho que somente verbalizou o que o ‘pessoal’, inclusive ele pensam.

Neste caso, vamos esperar para ver se ele terá ‘culhões’ para realmente fechar o STF caso sinta-se contrariado. Também é óbvio que a composição do STF sempre foi – com raras exceções de gente indicada pelos presidentes da república, inclusive Bolsonaro, que tem um ministro para chamar de seu. Logicamente, os indicados têm que se prestar a digamos, algumas concessões a quem os indicou.

Muitos integrantes do STF jamais teriam condições pelas vias normais de sentar-se nas cadeiras, visto a limitação moral, ética e até de especialização de muitos deles. Meses atrás, em qualquer ajuntamento de gente ligada ao bolsonarismo, era comum ouvir que o STF era o inimigo principal a ser abatido e os atos antidemocráticos que pregavam a medida, a volta da ditadura e do AI-5 era palavra recorrente.

Gente como Sara Winter e seus 300 loucos que se dedicavam a xingar diariamente o STF e alguns dos seus ministros, entraram pelo devido cano, quando foram indiciados, presos e botados para correr.

Alguns blogueiros bolsonaristas foram também enquadrados e os ânimos esfriaram, a começar por Bolsonaro que pressionado por investigações que envolvem seus filhos 01 e 02, baixou a bola e engoliu o choro, que neste caso é livre o tempo todo. Porém, volta e meia, alguém que gravita na órbita do poder bota as manguinhas de fora e volta à carga contra o STF. O último que fez isto foi o obscuro e intragável deputado pelo Rio de Janeiro Daniel Silveira que num vídeo divulgado no YouTube carregou nas ofensas e aleivosias contra o STF e alguns dos seus ministros.

Silveira é o tipo farto de músculos e esquálido de nutrientes cerebrais, não teve medo de ser infeliz e despejou toda a sua verborragia contra o STF, com palavrões, ameaças e impropérios.
Ainda não se sabe se ele falou pela própria boca ou verbalizou o que pensa realmente o capitão-em-chefe, mas o certo é que suas bobagens provocaram uma reação imediata do ministro Alexandre de Moraes que já havia sido provocado muitas vezes anteriormente não deixou barato e mandou prender o desafeto, que logicamente tratou de espernear a grande.

A democracia brasileira não é tão resiliente quando a americana que soube resistir ao arbítrio trumpista e sua horda de desvairados.

O certo é que a corda vem sendo esticada e as liberdades vêm sendo testadas com habitual insistência e é uma incógnita de quanto tempo resistirá, mas este filme já foi visto anteriormente e o resultado final não é bom. Talkey?

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