AFP – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (20) que vão negar a entrada no país da jihadista norte-americana Hoda Muthana, que viajou para a Síria para integrar o grupo Estado Islâmico, mas agora quer voltar para casa.
“Eu instruí o Secretário de Estado, Mike Pompeu, e ele concorda plenamente com isso, para não permitir que Hoda Muthana volte ao país!”, tuitou Trump.
Em comunicado, Pompeo justificou a medida.
“A senhora Hoda Muthana não é cidadã dos Estados Unidos e não será admitida nos Estados Unidos”, disse Mike Pompeo.”Ela não tem nenhum fundamento legal, nenhum passaporte válido dos Estados Unidos, nem direito a um passaporte, nem visto para viajar aos Estados Unidos”, acrescentou.
Esta declaração sobre Muthana, um dos poucos cidadãos norte-americanos entre as centenas de europeus que se uniram às fileiras do EI na Síria, contradiz os apelos do próprio Pompeo a outros países para que façam voltar e processem seus nacionais jihadistas.
Queimou passaportes
Muthana, de 24 anos, nasceu nos Estados Unidos filha de pais iemenitas que se naturalizaram americanos antes do nascimento de seus três filhos, segundo a ONG Counter Extremism Project.
Seu advogado, Hassan Shibly, disse ao jornal USA Today que Hoda nasceu em 1994 em Nova Jersey e se criou no Alabama.
No fim de 2014, pouco depois de se mudar para a Síria, Muthana publicou no Twitter uma foto de quatro mulheres que pareciam queimar seus passaportes ocidentais, inclusive um norte-americano.
Sob o nome de “Umm Jihad”, Muthana participou ativamente da propaganda jihadista, chamando inclusive a “derramar sangue americano” e enaltecendo o grupo EI, que chegou a dominar amplas áreas de Síria e Iraque.
Mas em uma entrevista publicada no domingo com o jornal britânico The Guardian, Muthana disse que havia renunciado ao extremismo e queria voltar para casa.
A jovem, que foi detida por forças curdas aliadas dos Estados Unidos, disse que tinha passado por uma lavagem cerebral e que estava envergonhada de ter apoiado o EI.
Muthana se casou três vezes com homens jihadistas, todos já falecidos, e tem um filho pequeno.
Bangladesh negou cidadania a britânica jihadista
Após perder a nacionalidade britânica por ter fugido do Reino Unido para se unir ao grupo extremista Estado Islâmico na Síria, a jovem Shamima Begum teve negado o pedido de cidadania solicitado ao governo de Bangladesh, informou nesta quarta-feira (20) uma fonte oficial do país asiático.
“Bangladesh anuncia que Shamima Begum não é cidadã bengali. É uma cidadã britânica de nascimento, e nunca solicitou a dupla nacionalidade ao governo de Bangladesh”, informou a chancelaria do país asiático.
Os pais da jovem são imigrantes bengalis que imigraram há anos para Grã- Bretanha.
Na terça-feira passada, o ministério do Interior britânico anunciou que Shamima tinha perdido sua nacionalidade britânica, acrescentando que a jovem poderia solicitar a cidadania no país de origem de seus pais.
O ministério de Relações Exteriores de Bangladesh indicou no comunicado que Shamima “nunca visitou o país, apesar de seus vínculos familiares”, acrescentando que não iria permitir sua entrada no território bengali.”
Shamima Begum, de 19 anos, foi para a Síria em 2015, ao lado de outras duas jovens. Na semana passada deu à luz a um bebê num campo de refugiados.