ESTADO – O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, negou nesta terça-feira, 8, que o presidente Jair Bolsonaro tenha planos de instalação de uma base militar dos Estados Unidos em território nacional.
“Ele me disse que ele nunca falou disso. Foi um comentário, foi falado de base russa, aí saiu esse assunto… De repente, base americana… Não tem nada. Ele falou comigo que não falou nada disso. Fizeram um auê disso aí sem nada”, disse Heleno, depois de reunião ministerial no Palácio do Planalto com Bolsonaro.
Ao Estado, porém, o secretário de Estado dos Estados Unidos (EUA), Mike Pompeo, disse ter ficado satisfeito com a oferta do governo Bolsonaro. Eles se reuniram em Brasília na semana passada, após a posse do presidente.
Bolsonaro falou do tema pela primeira vez sobre o tema em entrevista ao SBT. Bolsonaro admitiu a possibilidade de ser discutida a instalação da base americana. Na ocasião, ele também respondeu sobre operações militares da Rússia em parceria com a Venezuela.
Na sexta-feira passada, Bolsonaro reiterou uma sinalização favorável à base dos EUA. O presidente justificou a medida como uma preocupação com a soberania e a segurança nacional e disse que, segundo conversas internas, os Estados Unidos estavam prospectando junto a outros países sul-americanos a possibilidade de instalação de uma unidade militar. “Eu tenho o povo americano como amigo”, afirmou Bolsonaro, durante entrevista na Base Aérea de Brasília.
Os comandos das Forças Armadas foram surpreendidos e fizeram críticas em privado à iniciativa. Oficiais generais disseram à reportagem que entenderam a fala de Bolsonaro como uma especulação. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse ao Estado por nota que não havia tratado do tema com o presidente e que não poderia avaliar, portanto, vantagens de uma acordo militar entre os países.
A Aeronáutica informou que também não tinha conhecimento sobre tratativas para a base. A Marinha disse que o assunto envolve estratégias mais gerais ligadas à Defesa, e que caberia ao ministério se pronunciar. O Exército não respondeu.
No mesmo dia, o chanceler Ernesto Araújo, porém, confirmou a intenção do Brasil de sediar uma unidade militar dos EUA. Ele disse a base faria parte de um acordo mais amplo que envolveria o comércio entre os países. “O presidente não exclui esse tipo de possibilidade. Temos todo interesse em aumentar a cooperação com EUA em todas as áreas. Isso é algo que tem que ser conversado. Não haveria problema na questão de uma presença desse tipo”, afirmou Araújo, no Peru, onde participou de reunião do Grupo de Lima.