O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) é o novo presidente do Brasil, o 8º desde o fi m do regime militar (1964-85) ao derrotar no domingo, 28, o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, do PT. Bolsonaro teve 57.796.986 votos – 55,13% dos votos válidos e Haddad obteve 47.038.963 votos – 44,87% dos votos válidos. Bolsonaro liderou a mais surpreendente disputa eleitoral desde o pleito de 1989 a partir de agosto, quando o ex-presidente que está preso desde abril por corrupção, foi declarado inelegível.
Haddad, plano B do PT que ocupava estrategicamente a vice de Lula antes de ser lançado candidato, conseguiu chegar ao segundo turno, mas nunca ameaçou a liderança do polêmico deputado. Ele será o 16º presidente militar da história e o 3º a chegar ao poder pelo voto direto. Os outros foram Hermes da Fonseca, em 1910, e Eurico Gaspar Dutra, em 1945.
A campanha de Bolsonaro teve diversos ineditismos. O mais dramático foi o atentado a faca que sofreu durante um ato em Juiz de Fora, MG, no dia 6 de setembro. Atingido no intestino, Jair Bolsonaro quase morreu e ficou fora da campanha de rua até o fi m da disputa. Transformou o hospital e, depois, sua casa no Rio em quartel-general de onde gravava vídeos para a internet e recebia apoiadores.
A facada desorganizou a estratégia de seus adversários e permitiu a Bolsonaro não se submeter ao escrutínio de debates televisivos —participou apenas de dois deles no primeiro turno, antes do atentado, e preferiu ignorar o confronto com Haddad mesmo estando em condições clínicas na segunda etapa. A derrota petista é danosa ao partido de Lula, que mesmo com todos os problemas, elegeu a maior bancada na Câmara dos Deputados. Comandando o eleitorado nordestino e mantendo cidadelas na região e no Congresso, o partido está logrou um triunfo relativo após anos de crise.
A eleição foi também um plebiscito sobre o legado do ex-presidente. Haddad era Lula, como dizia a propaganda petista no primeiro turno, convenientemente alterada para uma ideia fracassada de “Frente Democrática” para a disputa de domingo. Bolsonaro quebra uma série de quatro vitórias presidenciais petistas. Mais que isso, encimou um tsunami de direita na eleição, com a expulsão de diversos nomes da esquerda e da política tradicional do Legislativo e também com a ascensão de nomes novos nas disputas por governos de estado.
O antipetismo encarnado pelo deputado transformou os partidos conservadores tradicionais numa terra arrasada. O PSDB, que havia amealhado metade do eleitorado em 2014 e perdido por pouco para o PT, foi praticamente extinto em sua encarnação atual. Sua ascensão meteórica foi largamente ignorada pelo mundo político até o fim do ano passado, quando a intenção de voto resiliente atrás de Lula o tornou foco de atenção.
Mas Bolsonaro estava na rua desde 2014. Ou melhor: estava na nuvem, no mundo virtual em que montou uma eficaz e bastante contestada estratégia de promoção. O uso intensivo de multiplicação de mensagens por meio do aplicativo WhatsApp e a adesão ao recurso de comunicação direta por meio de redes sociais foram importados dos EUA — não por acaso, Bolsonaro se diz grande fã do presidente Donald Trump.
JAIR MESSIAS BOLSONARO – 38º PRESIDENTE DO BRASIL
Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, nasceu em Campinas, Estado de São Paulo. É militar com a patente de capitão e está na reserva desde 1998. Está no seu terceiro casamento e é pai de Eduardo, Flávio, Carlos, Renan e Laura Bolsonaro.
Carreira política Em 1988, elegeu-se vereador para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pelo Partido Democrata Cristão (PDC); Em 1990, elegeu-se deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro com 464 mil votos, sendo o mais votado no Estado, pelo Partido Democrata Cristão. Posteriormente foi re-eleito com votações expressivas para a Casa.
PARTIDOS POLÍTICOS
Ao longo da sua carreira política, Bolsonaro passou por oito partidos
Partido Progressista Reformador (PRP) 1993-1995
Progressistas (PP) 1995-2003
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) 2003-2005
Democratas (DEM) ex-PFL 2005
Partido Progressista (PP) 2005-2016
Partido Social Cristão (PSC) 2016-2017
Partido Social Liberal (PSL) 2018