Imigração

Número de crianças separadas na fronteira úmero de crianças separadas na fronteira pode ser maior do que o anunciado

O levantamento, de 24 páginas, mostra que as separações já vinham ocorrendo antes de o governo anunciar formalmente a política de tolerância zero, em abril do ano passado. A medida determinava que pais e fi lhos fl agrados tentando entrar irregularmente nos Estados Unidos deveriam ser separados, como uma forma de desestimular a vinda de mais imigrantes ilegais.

Cerca de 3.000 crianças teriam sido separadas dos responsáveis após a adoção da política. Nesta quinta, relatório do U.S. Department of Health and Human Services (HHS) revelou que houve um aumento das separações familiares já a partir de meados de 2017. Baseado em dados disponíveis, essas crianças eram 0,3% dos menores desacompanhados levados para a custódia do HHS no fi m de 2016, ainda na administração do democrata Barack Obama.

Em agosto de 2017, o percentual havia subido para 3,6%. Ao menos 118 crianças separadas dos pais foram enviadas pelo Departamento de Segurança Doméstica para o HHS para cuidados entre 1º de janeiro e 7 de novembro de 2018. “Mais crianças por um período maior de tempo foram separadas por autoridades de imigração e enviadas ao HHS para cuidados do que é discutido comumente nos debates públicos.

Quantas crianças mais foram separadas não se sabe”, afirmou Ann Maxwell, inspetora assistente do departamento. Segundo a agência, não foi possível identificar quantas crianças mais foram separadas porque houve “desafios para identificar as crianças separadas.” Oficiais da agência, entretanto, estimam que sejam milhares, baseando-se em entrevistas com funcionários do HHS.

“Não houve esforço iniciado para identificar essas crianças”, acrescentou Maxwell. O Departamento de Segurança Doméstica diz que as separações continuam ocorrendo em casos nos quais os pais têm histórico criminal ou em que há preocupações médicas. “Mas, em alguns casos, o DHS forneceu informação limitada ao HHS sobre as razões para essas separações”, disse a inspetora.

A porta-voz do HHS Evelyn Stauffer respondeu ao relatório e disse que o departamento está “comprometido com informações transparentes e precisas” sobre o programa de menores desacompanhados. Afirmou ainda que era bem-vinda a oportunidade de cooperar com a investigação. O relatório faz parte de uma série que o escritório do HHS pretende publicar neste ano para jogar luz sobre o sistema de saúde do governo para menores imigrantes desacompanhados, a maioria dos quais entra nos EUA a partir da fronteira com o México.

Em junho do ano passado, em meio à reação negativa que a separação de famílias gerou nos EUA e no exterior, o presidente Donald Trump ordenou o fi m da política. Um juiz federal havia determinado que todas as crianças e seus responsáveis fossem reunidos até 26 de julho. Mas, em dezembro, ainda havia 2.737 menores separados das famílias no país. “Milhares de crianças podem ter sido separadas durante uma onda que começou em 2017, antes dessa solicitação do tribunal”, aponta a auditoria.

No ano passado, o Departamento de Segurança Interna produziu um relatório não publicado documentando o caos causado pela separação de famílias resultado da política de “tolerância zero” de Trump. Entre outros pontos, o departamento descobriu que 860 crianças imigrantes foram mantidas em celas da patrulha de fronteira por mais de três dias – o limite permitido por lei.

Descobriu ainda que “passos inadequados” foram tomados para descobrir as identidades de crianças pequenas demais para falar. Em junho, o Departamento de Saúde abriu uma grande cidade de tendas em Tornillo, Estado do Texas para abrigar crianças imigrantes que entraram no país sozinhas, abrigando cerca de 6 mil delas.

Após repetidas denúncias, incluindo sobre funcionários contratados sem ter o histórico checado, o departamento informou na semana passada que removeu todas as crianças e fechou a cidade de tendas.

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