EFE – Pequim demonstrou nesta segunda-feira (17) seu apoio à chefe de governo de Hong Kong, Carrie Lam, após a onda de protestos contra o projeto de lei de extradição que ela apresentou. A imprensa oficial do regime classifica o momento de “violência popular” derivada de “intervenções maliciosas de governos estrangeiros”.
Em um editorial, o jornal estatal “China Daily” afirma que o apoio do Governo central a Lam “não fraquejará” apesar do crescente clamor dos manifestantes, que exigem sua renúncia depois da suspensão do polêmico plano legislativo.Nessa mesma linha se expressou Tam yiu-chung, deputado de Hong Kong na Assembleia Nacional Popular – o Legislativo nacional chinês -, que participou de uma reunião com mais de 200 políticos locais, parlamentares nacionais e funcionários do Escritório de Enlace – órgão oficial que representa Pequim em Hong Kong -, que lhe transmitiram que o regime “apoia, respeita e entende” a decisão de Lam.
Segundo o relato de Tam, o diretor do Escritório, Wang Zhimin, afirmou que o projeto de lei de extradição é “pelo bem dos de Hong Kong”, mas que o processo legislativo “sofreu constantes interferências e foi vilipendiado por forças estrangeiras”.
Interesses estrangeiros
De fato, o artigo do “China Daily” afirma que a “violência” foi “instigada por aqueles que não velam pelos interesses” de Hong Kong, e lembra que a número um do governo da ex-colônia é “a responsável última para que se aplique o ‘um país, dois sistemas'”, princípio que permite certa autonomia de Hong Kong em relação à China continental.
O jornal nacionalista “Global Times” também vê relação entre os protestos e os assuntos exteriores da China, e publicou ontem à noite um artigo no qual adverte os Estados Unidos de que não devem utilizar a situação em Hong Kong para resolver a guerra comercial travada contra a China.
Apesar de as autoridades de Hong Kong suspenderem as emendas à lei de extradição após os grandes protestos, não conseguiram aplacar os manifestantes, que exigem a retirada total do projeto e que voltaram a encher as ruas da cidade no domingo (16) para defender seus direitos e liberdades.
Eles também demandam a renúncia de Carrie Lam.
Os organizadores dizem que o número de manifestantes foi de “quase dois milhões de pessoas” e a Polícia, 338 mil.