ESTADO – A sede do Facebook na Califórnia foi esvaziada ontem depois que equipes de segurança detectaram a presença de gás sarin em uma mochila que havia sido enviada ao local. Inicialmente, Jon Johnston, chefe do corpo de bombeiros de Menlo Park, onde fica localizada a empresa, afirmou que dois funcionários haviam sido expostos. Mais tarde, porém, o Facebook não confirmou a informação.
“O Facebook testa todos os pacotes que chegam. Um deles identificou a presença de sarin, o que desencadeou o protocolo padrão de segurança”, disse Johnston. Agentes do FBI foram imediatamente enviados ao local. O porta-voz da empresa, Anthony Harrison, afirmou que quatro prédios da sede em Menlo Park, no Vale do Silício, foram esvaziados.
Segundo funcionários do Facebook, o sarin foi detectado por volta das 11 horas no horário local (15 horas em Brasília), durante testes rotineiros na correspondência. A mochila na qual a substância estaria foi colocada em quarentena. O sarin teria sido detectado por máquinas de escaneamento.
O gás sarin é definido pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) como um agente nervoso. Ele é frequentemente usado como arma química conhecida pela letalidade, toxicidade e capacidade de ser rapidamente implantado.
O líquido incolor e inodoro que se evapora no ar e se espalha por qualquer ambiente em que seja colocado foi desenvolvido nos anos 30 pela Alemanha e foi usado em dois ataques terroristas nos anos 90 no Japão: em Matsumoto, em 1994, quando matou 8 pessoas, e no metrô de Tóquio, em 1995, quando deixou 12 mortos.
Em abril de 2017, um alto funcionário da Casa Branca confirmou que o regime de Bashar Assad, na Síria, usou gás sarin em um ataque químico contra seus próprios cidadãos. O governo sírio foi acusado de usar vários ataques com sarin durante a guerra civil, iniciada em 2011.
Pessoas com exposição “suave” geralmente se recuperam completamente, mas o CDC observa que as pessoas mais “severamente expostas” têm uma chance menor de sobrevivência. O agente nervoso bloqueia enzimas no sistema nervoso e leva à morte por alterar radicalmente o funcionamento do organismo, matando pela paralisia do sistema cardiorrespiratório.
Chefiado por Mark Zuckerberg, o Facebook vem colecionando escândalos nos últimos anos, a maioria ligados ao vazamento de informações de usuários e colaboração com programas de espionagem do governo americano. O primeiro grande escândalo é de 2013, quando Edward Snowden revelou a existência de programas de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA), que teriam a colaboração do Facebook e de outras empresas americanas de tecnologia.
Em abril de 2018, a empresa foi criticada pelo uso não autorizado dos dados de aproximadamente 87 milhões de usuários pela Cambridge Analytica, consultoria de marketing político que prestou serviços para a campanha de Donald Trump. O Facebook teria enviado aos eleitores mensagens mais assertivas, de acordo com perfis sociais, econômicos, ideológicos e comportamentais dos americanos, para favorecer o republicano. (Com agências internacionais)