Por: Alfredo Melo – Na pacata cidade de Arantina, em Minas Gerais, o único que dava ordens era o Coronel Bimbinha. O fazendeiro mais rico e mais poderoso da região, mandava mais do que o Prefeito, o Delegado, o Gerente do Banco do Brasil e até mesmo que o Padre. Tinha fama de não perdoar ladrão, acobertava em suas fazendas, pistoleiro de aluguel, jagunço, mas ladrão, não. A grande paixão do povo Arantinense era o futebol, a monotonia das tardes de domingo, na cidade, era quebrada pelas atuações do Arantinense F.C.
Em uma tarde de domingo, na decisão do campeonato da Liga de Andrelandia, a segunda mais forte do sul de Minas, entre o Arantinense e o Juventus, da vizinha Bom Jardim de Minas, separadas por 6 insignificantes quilômetros, foi preciso a intervenção de Coronel Bimbinha, para que a paixão não morresse. O Arantinense, tinha a vantagem de jogar em casa, mas o Juventus (o querido Caju), jogava com a vantagem do empate.
O jogo seguia muito equilibrado, e o 0x0, insistia em não sair do placar, a torcida do Arantinense já entrava em desespero, enquanto a torcida do Caju, já comemorava o título, porem aos 39 minutos do segundo tempo, o juiz marcou um pênalti contra o time da casa. Os jogadores do Arantinense partiram pra cima do árbitro, impedindo a cobrança da penalidade máxima. O arbitro pressionado pelos jogadores e torcedores do Arantinense, pediu auxílio ao Cabo Cruz, chefe do destacamento da PM, na cidade, querendo garantias para que o pênalti fosse cobrado, então Cabo Cruz foi curto e grosso “Senhor juiz, só o Cel. Bimbinha pode resolver a questão”. Então Cabo, onde está esse Cel. Bimbinha? retrucou o árbitro.
Ao ser informado que o Cel. Bimbinha, estava em casa, o juiz solicitou que o Cabo, o levasse até a casa do Cel. O Cel. Bimbinha estava deitado em uma rede, no varandão do seu casarão, em frente a praça que levava o seu nome e quando ouviu a balburdia levantou-se e viu Cabo Cruz, acompanhado do arbitro, dos jogadores dos dois times e do povo das duas cidades, no portão de sua casa. Que bagunça é essa na minha porta, esbravejou o Cel. Cabo Cruz, disse eu posso explicar Coronel, Cel. Bimbinha gritou, fale logo homem de Deus, não está vendo que eu estou descansando, no sacrossanto recesso do meu lar.
Então Cabo Cruz, tremendo começou, o juiz aqui do meu lado marcou um pênalti e os jogadores não querem deixar ser feita a cobrança. Cel. Bimbinha pediu silencio e sentenciou “o juiz é autoridade máxima dentro de campo e tem que ser respeitado, contra tudo e contra todos, o pênalti vai ser batido, tenho dito”. Cabo Cruz choramingan do disparou, “Cel. o pênalti é contra o nosso time”. Nesse momento Bimbinha encerrou a questão “O pênalti será batido, bate a nossa favor, mas bate o pênalti” E assim foi feito.
Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior
