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A agonia das famílias à espera de noticias de possíveis sobreviventes da tragédia de Brumadinho

ESTADO – Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), é uma cidade consternada. Rodeada de morros e de mata densa, com seus 39,5 mil habitantes, o município vive um dia de luto e aflição neste sábado (26), mas também de raros momentos de alívio, com a localização de sobreviventes da tragédia na barragem do Córrego Feijão, que rompeu no início da tarde de sexta-feira (25), cobrindo de lama a região.

A equipe de GaúchaZH chegou ao local por volta das 7h45min, depois de singrar colinas e percorrer estradas de chão empoeiradas. À frente, um cortejo liderado por cinco caminhões-frigorífico e um rabecão abria caminho. Os caminhões seriam usados para receber corpos.
Até o início da manhã deste sábado, eram nove mortes confirmadas pelas autoridades, mas não tardaria até que um helicóptero do Corpo de Bombeiros pousasse no campo de futebol em frente à Igreja Nossa Senhora das Dores, causando alvoroço: a aeronave trazia mais uma vítima fatal, enrolada em um plástico preto e pendurada em uma rede. Pouco depois, outro corpo, dessa vez coberto de lama, teria o mesmo destino.

Foram dois intermináveis minutos até que as equipes em solo recebessem o primeiro corpo, sob o olhar desesperado de quem buscava informações.

— Pelo amor de Deus, moço. Deixa a gente ver quem é, moço. Pelo amor de Deus — gritava a auxiliar de cozinha Leidiane Paula Araújo, 24 anos.

— Pode não, moça. Pode, não — repetia um socorrista.

Leidiane viu a mãe, Cristina Paula da Cruz, pela última vez, na manhã de sexta-feira, antes de sair para trabalhar. Cristina era faxineira na Pousada Nova Estância, que foi engolida pela lama. Não sobrou nada.

— Estou muito aflita. Desesperada. Não sei mais o que fazer. Não nos dizem nada — lamentava Leidiane.

Outras famílias dividiam a mesma agonia, enquanto cinco helicópteros se revezavam nos trabalhos de resgate. O barulho das hélices era ouvido de longe, algo incomum na região.

Desde a madrugada, Carlos Júnior, 25 anos, buscava sinais de vida do pai, Carlos Eduardo Farias, 45 anos, funcionário da Vale. Ele trabalhava na Mina do Córrego do Feijão no momento da tragédia. Por volta das 9h30min, o rapaz recebeu a boa — e rara — notícia.

— Acharam meu pai! Acharam! Ele está vivo. Deus é bom — disse o jovem, ao vivo, na Rádio Gaúcha.

Os trabalhos devem prosseguir por todo o dia, na esperança de encontrar mais sobreviventes. A mineradora Vale divulgou uma lista na manhã deste sábado (26) com mais de 400 nomes de pessoas que estão sem contato. A listagem, segundo a empresa, será atualizada constantemente. O acesso à página, no entanto, é instável.

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