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Biden relembra Holocausto com discurso duro contra retórica de ódio nos campi universitários: ‘Não somos um país sem lei’

Agência Globo – Em pronunciamento de 16 minutos durante a cerimônia anual do Dia da Lembrança para os Sobreviventes do Holocausto no Capitólio, em Washington, Biden, que por quase 50 anos se posicionou como um defensor de Israel e se descreve como sionista, reivindicou que os americanos aprendam as lições do que chamou de um dos “mais sombrios capítulos na História humana”.

O líder americano também condenou discursos de ódio nos campi universitários do país, que há semanas são palco de protestos e ocupações pró-palestinos em meio a reivindicações pelo fim do envio de armas a Israel, com mais de 2 mil manifestantes detidos. Os protestos ganharam força a partir da Universidade Columbia, em Nova York, onde um acampamento foi desmantelado pela polícia e mais de 100 pessoas foram presas na semana passada. Segundo a imprensa americana, houve episódios isolados de retórica antissemita e de assédio contra alunos judeus durante os atos estudantis no país.

“Nos EUA, respeitamos e protegemos o direito fundamental à liberdade de expressão para protestar pacificamente e fazer as nossas vozes serem ouvidas, mas não há espaço em qualquer campus nos EUA, em qualquer lugar nos EUA, para antissemitismo ou discurso de ódio ou ameaças de violência de qualquer tipo”, enfatizou, referindo-se às manifestações. “Violência e destruição não são protestos pacíficos, são contra a lei. E nós não somos um país sem lei. Somos uma sociedade civilizada”.

Biden também advertiu que os EUA e o mundo correm o risco de esquecer as lições do Holocausto e fez um breve histórico de como os nazistas se movimentaram para massacrar judeus em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial.

“Muitas pessoas negam, minimizam e racionalizam os horrores do Holocausto. Para mim, ‘nunca mais’ é não esquecer”, enfatizou. “Aqui estamos nós, apenas sete meses depois [dos ataques do 7 de outubro], e as pessoas já estão se esquecendo que o Hamas fez reféns e continua mantendo pessoas em cativeiro. Eu não esqueço. Isso é absolutamente desprezível e precisa acabar”.

As falas do presidente americano ocorrem em um momento crítico para Biden. Em meio a uma acirrada campanha eleitoral, ele tem tentado se equilibrar entre o seu apoio à guerra de Israel contra o Hamas e a indignação popular sobre o preço cobrado dos civis em Gaza, enquanto grupos judaicos pressionam o governo a tomar medidas mais firmes para combater o antissemitismo. Ao mesmo tempo, muitos árabes-americanos e palestinos manifestam frustração por não ouvir Biden falar da situação vivida pelos palestinos com a mesma emoção e autenticidade usadas quando se refere a Israel e ao povo judeu.

Com seu rival nas eleições de novembro, o ex-presidente Donald Trump, ocupado em um tribunal de Nova York com um de seus julgamentos criminais, os republicanos tentaram usar os protestos estudantis para atacar politicamente Biden, apresentando-o como fraco e incapaz de manter o controle do país.

Durante semanas, a Casa Branca resistiu decididamente em abordar as mobilizações nos campi e não manteve nenhum contato público com os administradores das universidades ou com os estudantes: em sua maior parte, os comentários sobre os atos ficou a cargo dos assessores de imprensa, e não de Biden. Mas, à medida que os confrontos em alguns campi se tornaram mais violentos e as detenções aumentaram em todo o país, o presidente subiu o tom contra os ativistas mais radicais.

Alguns democratas alertaram que a agitação nos campi poderia diminuir o entusiasmo por Biden entre os eleitores jovens que, em sua maioria, costumam apoiar mais os candidatos democratas do que republicanos e são uma fatia importante dos votantes. Pesquisas já apontaram que o presidente tem grande dificuldade de manter o mesmo nível de apoio que recebeu dos mais jovens em 2020.

Nos campi, o nome de Biden não é mencionado de forma positiva por seu apoio quase irrestrito a Israel, que incluiu a aprovação recente de um pacote de ajuda de US$ 14 bilhões, além de mais de 100 vendas de armas, incluindo equipamentos e bombas usados em Gaza. Apesar disso, ao ser questionado, na semana passada, se os protestos mudaram sua posição sobre o conflito, respondeu que não.

(Com The New York Times)

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