Brasil Mundo Policial

Cesare Battisti admite envolvimento em quatro mortes, diz procurador italiano

COM G1 – Cesare Battisti admitiu envolvimento em quatro assassinatos durante interrogatório feito na prisão pelo procurador Alberto Nobili, responsável pelo grupo antiterrorista da cidade italiana de Milão, segundo informou a imprensa italiana nesta segunda-feira (25).

Até então, o italiano de 64 anos, que integrou o grupo Proletários Armados pelo Comunismo, negava envolvimento nos homicídios e se dizia vítima de perseguição política.

O procurador-geral de Milão, Francesco Greco, afirmou que ele admitiu “suas responsabilidades” em quatro assassinatos, no ferimento de três pessoas e em muitos roubos feitos pela formação terrorista que integrava nos anos 70, de acordo com o jornal “Corriere della Sera”.

Battisti declarou ter matado duas pessoas e ser o mandante de outros dois homicídios, segundo o jornal “La Repubblica”.

‘Guerra justa’
Battisti, que cumpre prisão perpétua na prisão de Oristano, foi condenado em 1993 por quatro assassinatos: o de um guarda carcerário, um agente de polícia, um militante neofascista e um joalheiro de Milão (o filho do joalheiro ficou paraplégico, depois de também ser atingido). Para Greco, a confissão faz justiça com relação “às muitas controvérsias que ocorreram nos últimos anos e homenageia a polícia e o judiciário que o condenou”.

Por quase 40 anos, Battisti ficou foragido e morou na França e no Brasil. Ele chegou a conseguir refúgio no Brasil em 2009. Mas o status, concedido a ele pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi revisto em dezembro do ano passado, por Michel Temer, que autorizou sua extradição.

Então, ele deixou o Brasil, mas foi capturado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em janeiro. Como a sua entrada no país foi ilegal, a expulsão dele foi requerida pela Itália e acatada pelo governo boliviano.

Bolsonaro
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, comentou a declaração de envolvimento de Battisti nos assassinados no Twiter nesta manhã. “Por anos denunciei a proteção dada ao terrorista, aqui tratado como exilado político. Nas eleições, firmei o compromisso de mandá-lo de volta à Itália para que pagasse por seus crimes. A nova posição do Brasil é um recado ao mundo: não seremos mais o paraíso de bandidos!”, declarou. Ao ser eleito, Bolsonaro afirmou que faria “tudo o que fosse legal” para extraditar Battisti. Após a sua extradição, o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, agradeceu o “empenho do Brasil em solucionar o caso”.

Entenda o caso
Tanto os governos de esquerda quanto os de direita queriam que Battisti voltasse à Itália para cumprir a sua pena, e o assunto está ocupando grande parte dos jornais italianos.

Battisti chegou ao Brasil em 2004. Ele foi preso no Rio de Janeiro em março de 2007 por uma ação conjunta entre a Polícia Federal brasileira e agentes italianos e franceses. Dois anos depois, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu refúgio.

Em 2007, a Itália pediu a extradição dele e, no fim de 2009, o STF julgou o pedido procedente, mas deixou a palavra final ao presidente da República. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou a extradição.

Em setembro de 2017, o governo italiano pediu ao presidente Michel Temer que o Brasil revisasse a decisão sobre Battisti.

No fim do ano passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao STF que desse prioridade ao julgamento que poderia resultar na extradição.

Um mês depois do pedido da PGR, o ministro Luiz Fux mandou prender o italiano e abriu caminho para a extradição, no início de dezembro.

Na decisão, o ministro autorizou a prisão, mas disse que caberia ao presidente extraditar ou não o italiano porque as decisões políticas não competem ao Judiciário. No dia seguinte, o então presidente Michel Temer autorizou a extradição de Battisti.

Desde então, a PF deflagrou uma série de operações para prender o italiano. No final de dezembro, a PF já havia feito mais de 30 ações.

Battisti negava o envolvimento com os homicídios e se dizia vítima de perseguição política.

Deixe um comentário

WordPress Ads