Local Saúde

Coluna SOS da Vida- Alexitimia, a dificuldade para expressar sentimentos

Por: Eliana Pereira Ignácio –
Olá meus caros leitores, hoje venho falar de uma dificuldade, que muitas pessoas tem e por não saber lidar com ela, sofrem e fazem outros sofrerem, estou falando da dificuldade de expressar sentimentos.

Em meados da década de 60, dois psiquiatras John Nemiah e Peter Sifneos perceberam que alguns pacientes psicossomáticos mostravam grande dificuldade para falar sobre suas emoções e sentimentos, dando a impressão de não compreenderem o significado dessas palavras. Alguns anos depois, Sifneos criou então a palavra alexitimia para explicar esse comportamento.

Alexithymia é uma palavra com raízes gregas: a partícula a tem um sentido de negação, de “falta ou ausência”; lex, significa “palavra”; e thymos é “emoção ou sentimento”. Literalmente, alexitimia pode ser traduzida como sem palavras para sentimento. E possível afirmar que trata-se de uma perturbação que afeta o processamento emocional do individuo, resultando na incapacidade de exprimir suas emoções, sob a forma de sentimentos, por intermédio da linguagem.

Pessoas que sofrem desta perturbação, geralmente apresentam as seguintes características:

  1. Dificuldade em identificar e descrever sentimentos;
  2. Dificuldade em distinguir os sentimentos de sensações corporais decorrentes da atividade emocional; c) Tomam decisões de acordo com os dados, sem levar em conta os sentimentos;
  3.  Sofre ocasionalmente de alterações fisiológicas como: palpitações, dor de estômago, mal-estar, tosses sem encontrar explicações;
  4. Processos imaginativos limitados e estilo cognitivo utilitário, baseado no concreto e orientado para o exterior, também conhecido como pensamento operacional.

Dentre outras características consideradas elementos básicos que evidenciam a pobreza ou a ausência de fantasias e a preocupação com detalhes pontuais de acontecimentos externos. Esses comportamentos vêm sendo descritos já há algum tempo; já nos anos 1948, Jürgen Ruesch citou pacientes sem imaginação, que usavam ações e canais corporais para expressar suas emoções, eram falhos na comunicação afetiva e mostravam excessivo nível de conformidade social.

Os alexitímicos são descritos como “robôs humanos”, portadores de uma espécie de analfabetismo emocional. Sua incidência é estimada em 10% na população em geral. Contudo, a alexitimia ainda é relativamente desconhecida, mas ela vem sendo constantemente estudada, existindo diversos instrumentos adaptados para vários países com o intuito de facilitar seu diagnóstico.

Embora a alexitimia seja um construto clínico já testado, ela não constitui uma doença diagnosticada, mas sim um aspecto clínico associado a algum outro problema médico; isto é a outra desordem psiquiátrica, podendo ser considerada como comorbidade.

Embora, alguns estudos mostram evidências que possibilitam considerar a alexitimia como uma condição independente pelo seu caráter de disfunção afetivo-cognitiva, duplamente associada a alguma condição física-patológica e por danos à vida relacional do indivíduo. Ainda não há consenso sobre a etiologia; isto é das causas e origens da alexitimia.

Existem teorias que a associam a algum trauma cerebral, a defeitos na formação neurológica, a influências socioculturais e outras que acreditam numa origem psicológica, como por exemplo, traumas na formação infanto-juvenil, ou mesmo mais tarde.

Contudo, as teorias e pesquisas mais atuais sobre alexitimia, lançam uma proposta segundo a qual nos alexítimicos existiria um rompimento na comunicação entre os dois hemisférios cerebrais: ou seja, uma “comissurotomia funcional”, refletindo uma limitada capacidade de coordenar e integrar atividades inter-hemisféricas.

Mesmo que alguma causa orgânica possa contribuir para a alexitimia, a perspectiva da maioria dos autores dessa área é a de que esse transtorno seja desenvolvido; isto é, ele surge a partir e durante as interações da pessoa com o ambiente, principalmente no seu período de formação. Segundo essa proposta, o alexitímico não tem um problema anatômico ou de arquitetura cerebral, mas sim uma disfunção cerebral aprendida, como acontece, por exemplo, com outras desordens afetivas.

Visto que, ao nascer o cérebro não está desenvolvido por igual, sendo necessários muitos anos de desenvolvimento pós-natal até que o indivíduo se forme psiquicamente. Esses anos exigem a participação de outras pessoas para a formação do futuro adulto, as quais ajudam a criança a aprender a identificar e regular suas emoções. Isso é, primariamente executado pela mãe ou por quem que desempenhe esse papel, sendo necessário estar “sintonizado” com as necessidades da criança. Percebe-se, então, que a maturação cerebral e a formação individual relacionam-se a processos orgânicos e biopsicossociais podendo ser alteradas caso haja desarranjos em algum deles.

“Para lidar bem com os sentimentos, Precisamos conhecer a verdade da Palavra de Deus”, (João 17:17 ). Até a próxima semana!!!

Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualifi cações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jsnewsusa.com 

Deixe um comentário

WordPress Ads