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Patrícia Lélis: casa paga com dinheiro de fraude migratória pode ser confiscada nos EUA

Agencia Globo – De acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a brasileira Patrícia Lélis se passou falsamente por uma advogada de imigração para enriquecimento próprio. Em setembro de 2021, Patrícia teria enviado um acordo a uma vítima que buscava ajuda na obtenção de vistos EB-5 para os pais dela. A vítima fez dois pagamentos iniciais totalizando mais de US$ 135.000, mas o processo nunca existiu, e parte desse dinheiro foi destinado a pagar a entrada de sua casa em Arlington.

De acordo com os registros imobiliários dos EUA, a casa aparece sinalizada como envolvida em um processo que corre na Justiça norte-americana. Quando buscada no serviço de imagens Google Streetview, que mostra o mapa em 3D, a propriedade aparece “distorcida”.

Segundo o portal imobiliário Redfin, a casa na comunidade de Shirlington Crest foi vendida pela última vez em 2021 por U$ 875 mi. A residência, descrita comoluxuosa”, tem três quartos, piso de madeira em todos os níveis e lareira a gás. O imóvel também conta com cozinha gourmet, bancada em granito, eletrodomésticos em aço inox incluindo forno de parede dupla, ilha central com cooktop a gás. A casa também está rodeada por parques e próxima de trilhas.

O bairro de Shirlington Crest é descrito como uma “localização privilegiada no distrito de artes e entretenimento de Arlington” no estado da Virgínia.

Entenda o caso
De acordo com a acusação, Patrícia se passou por uma advogada de imigração capaz de ajudar clientes estrangeiros a obter vistos E-2 e EB-5 para os Estados Unidos. O programa EB-5 proporciona residência permanente legal e possível cidadania, se um cidadão estrangeiro investir fundos substanciais – normalmente, um mínimo de 1 milhão de dólares – em empresas qualificadas que criam empregos nos Estados Unidos.

Segundo a brasileira, o dinheiro investido para obtenção do visto iria para um projeto de desenvolvimento imobiliário no Texas que se qualificava para o programa EB-5. Apesar disso, na realidade, o dinheiro teria ido para a conta bancária pessoal de Patrícia. Além da entrada da casa, ela teria feito reformas e pago outras despesas pessoais, como dívidas de cartão de crédito.

A brasileira ainda é acusada de atuar ativamente para encobrir o esquema e obter mais dinheiro. Lelis criou a falsa identidade de “Jeffrey Willardsen”, um suposto funcionário de uma empresa de investimento imobiliário do Texas, para induzir uma das vítimas a realizar depósitos de dinheiro. “Nicole Stone” foi outro nome falso usado no esquema, dessa vez por um colega da brasileira que seguia suas orientações, para convencer essa mesma vítima.

A brasileira também teria usado sem a autorização a assinatura de um advogado e tabelião, identificado apenas como F.M, no golpe.

Formalmente, a Patrícia é acusada de fraude eletrônica, transações monetárias ilegais e roubo de identidade agravado. Ela pode pegar uma pena máxima de 20 anos de prisão se for condenada por envolvimento em fraude eletrônica, um máximo de 10 anos se for condenada por transações monetárias ilegais e um mínimo obrigatório de dois anos adicionais de prisão se for condenada por roubo de identidade agravado.

Quem é Patrícia Lélis?
A jornalista e blogueira de 29 anos ficou conhecida em 2016, após ter acusado o pastor e deputado federal Marcos Feliciano (PL-SP) de estupro. Dois anos depois, porém, o juiz Aimar Neres de Matos, da 4ª Vara Criminal de Brasília, arquivou o processo contra o parlamentar, acolhendo pedido do Ministério Público do Distrito Federal.

O Ministério Público ainda denunciou Patrícia por falsa comunicação de crime e extorsão de Talma Bauer, então chefe do gabinete do parlamentar.

Em outra denúncia, Lélis também acusou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de ameaçá-la após troca de ofensas públicas em 2017. Na ocasião, ela afirma que ele a teria chamado de “otária” e ameaçado “acabar com a sua vida” caso a discussão continuasse.

Em 2018, Patricia Lélis chegou a ser candidata a deputada federal por São Paulo filiada ao Pros, mas não obteve o número mínimo de votos para conquistar uma vaga na Câmara dos Deputados.

A jornalista também foi alvo de investigação dentro do PT pela sua expulsão da legenda por declarações transfóbicas em 2021. A decisão foi tomada após a jornalista publicar um vídeo nas redes sociais em que fala que uma mulher trans “mostrou seu pênis a outras mulheres e adolescentes” ao entrar em um banheiro em Los Angeles.

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