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Sport Total – Joãozinho Passa Vinte

Por: Alfredo Melo – O distrito de Santo Antônio, durante muitos anos, alimentou o desejo de se emancipar do município de Aiuruoca, Minas Gerais, terra do doce e bela Isis Valverde (atriz global). Depois de longa espera, o sonho dos 2.387 habitantes do distrito de Santo Antônio, tornou-se realidade, após muitos anos de luta, o resultado do plebiscito levou a aprovação da emancipação.

Chico Curi, dono da tecelagem Cedro do Líbano, candidato em potencial a prefeitura do novo Município, para comemorar a emancipação, promoveu um amistoso entre a seleção de Santo Antônio e o Cruzeiro de Belo Horizonte. O time do Cruzeiro chegou completo a Santo Antônio, tendo como grande estrela, o ponta-esquerda, Joãozinho, festejado, o tempo todo, pelos torcedores da região. A torcida esperava uma grande exibição de Joãozinho, ele não decepcionou, realizando uma das maiores exibições da sua carreira, inclusive, marcando um gol, segundo Chico Curi, “antológico”. O gol foi uma verdadeira obra de arte.

Joãozinho recebeu a bola na intermediária do Cruzeiro, junto a linha lateral e, ali, começou seu show. Foi driblando quem aparecesse em sua frente. Driblou o time todo de Santo Antônio e depois de driblar o goleiro, parou junto a linha de gol e voltou para o meio de campo.

A torcida, que lotava o pequeno estádio local, estava em êxtase. Joãozinho, olhou para o banco de reservas da seleção local e chamou todo mundo que estava no banco, para tentar tomar a bola. Primeiro vieram os sete reservas e todos foram driblados por Joãozinho, depois vieram o massagista e um jovem treinador, marrento, que no futuro seria um grande treinador, ex-lateral esquerdo do Flamengo e Botafogo, que levou uma caneta de Joãozinho e logo saiu de campo, sem saber o caminho do banco de reservas. Quando não havia mais ninguém a ser driblado, Joãozinho, com o gol vazio, bateu de pé direito, estufando a rede.

O estádio veio, literalmente, abaixo. A torcida invadiu o gramado, colocando Joãozinho nos ombros e saiu em desfile, pelas ruas da cidade. O arbitro, diante do que estava acontecendo, deu a partida por encerrada, aos 36 minutos do segundo tempo.

Na manhã seguinte, Chico Curi, foi procurado pela turma que frequentava o bar Baiuca, exigindo que ao assumir a prefeitura, imortalizasse Joãozinho, na cidade. Chico Curi, pensou dar o nome a uma rua, a turma achou pouco, Chico acenou com uma avenida, acharam pouco, então Chico prometeu mudar o nome da Praça da Estação, para praça Joãozinho, continuaram achando pouco.

O “Guido do Hotel”, torcedor fanático do Cruzeiro, sugeriu que o futuro município se chamasse “Joãozinho Passa Vinte”, afinal entre titulares e o banco de reservas, foram vinte os driblados, Chico Curi, gostou da sugestão, mas achou o nome muito longo para uma cidade. Depois da emancipação, a Câmara Municipal aprovou a mudança do nome Santo Antônio para Passa Vinte e que Joãozinho teria uma estátua na praça da estação e receberia o título de cidadão honorário Passavintense.

A estátua está na praça da estação, esperando a presença de Joãozinho para ser inaugurada e o título de cidadão honorário, continua na Câmara de Vereadores. Cinquenta e um anos depois, o povo de Passa Vinte, continua aguardando a visita de Joãozinho. Vai la, Joãozinho, os jovens da cidade querem ouvir de você, a história do gol.


Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior…

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