Esportes

Sport Total – O abestado e o maluco

Por: Alfredo Melo – O ponta-esquerda Paraná, que jogou pelo São Paulo F.C. , entre 1965 e 1973 chegando até a participar do Mundial de 1966, na Inglaterra, teve sua passagem pelo futebol marcada em uma noite tenebrosa, no Maracanã, em uma partida contra o Flamengo, pelo antigo torneio “Roberto Gomes Pedrosa”.

Em determinado momento da partida, ao bater um escanteio, o “glorioso” Paraná, errou a bola e acertou a bandeirinha de corner.
A torcida do Flamengo não perdoou e explodiu em uma sonora gargalhada, que bateu diretamente no coração e na cabeça do jogador são paulino.
A partir daquele lance, bastava Paraná tocar na bola a torcida vaiava e aquela vaia, doía nos ouvidos do craque.
O treinador são paulino, logo percebeu que não poderia deixar seu jogador exposto, a aquela situação constrangedora e substituiu Paraná.
Ao deixar o gramado sob vaias e correndo, ele não percebeu que estava descendo as escadas que levava ao vestiário do Flamengo, nova explosão de gargalhadas.

Ao perceber que era o vestiário errado, Paraná, voltou correndo e piorou a situação, entrou no túnel central que era acesso da imprensa e do pessoal e serviço.

Sob gargalhadas e para seu alívio, na última tentativa, acertou o vestiário. Paraná, hoje aos 82 anos de idade, ainda tem pesadelos daquela noite. O centroavante Cesar Augusto Lemos, primogênito de uma família de centroavantes, começou sua carreira no Flamengo, assim como seus irmãos, Caio Cambalhota e Luisinho Tombo. Cesar Maluco, brilhou no Palmeiras, entre 1965 e 1974, naquela que foi considerada a primeira academia.

Cesar Maluco, disputou o mundial de 1974, na Alemanha, onde o Brasil terminou em quarto lugar. Cesar aprontava tanto dentro de campo, que o falecido locutor Geraldo Jose de Almeida, o apelidou de Cesar “Maluco” e em um contra o Fluminense, no Maracanã, Cesar fez jus ao apelido. Pela libertadores de 1971, o Fluminense, havia vencido por 2×0, no Pacaembu e no jogo de volta no Maracanã, o Palmeiras vencia por 3×0, o Fluminense exercendo uma pressão enorme sobe o Palmeiras, diminuiu aos 83 de jogo.

Para não tomar o segundo gol e, garantindo a classi¬ficação, o treinador Rubens Minelli, mandou pelo massagista, o seguinte recado para Cesar Maluco “cai na ponta esquerda e segura a bola, segura o máximo que puder, pra matar o tempo”.
Ordem dada, ordem cumprida. A primeira bola que recebeu na ponta-esquerda, Cesar se jogou no chão, abraçado a bola. Arnaldo Cesar Coelho, marcou a infração e Cesar continuou deitado no gramado, com a bola presa em seus braços.

Os jogadores do Fluminense partiram pra cima de Cesar, tentando arrancar a bola de seus braços. Arnaldo Cesar perdeu a paciência e expulsou Cesar Maluco, que saiu de campo correndo, levando a bola.

Naquela época só existia duas bolas em campo, uma do jogo e outra que ficava com o delegado da partida, bola esta que na confusão, também, desapareceu.
Essa grande paralisação esfriou completamente o time do Fluminense garantindo o Palmeiras na outra fase, aliás o Verdão, só seria eliminado na semifinal.
No vestiário, ao ser entrevistado, Cesar disse que apenas cumpriu a ordem de Rubens Minelli.


Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior…

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