Por: Alfredo Melo – A data de 9 de abril de 1977 e uma data histórica, para a torcida do Grêmio e para o futebol brasileiro. No jogo entre Grêmio e Santa Cruz (PE), pelo campeonato brasileiro, alguns torcedores do Grêmio estrearam a COLIGAY, primeira torcida gay do Brasil.
Esta torcida foi fundada por gays, que frequentavam a boate COLISEU, famoso recanto gay em Porto Alegre, nos anos 70. O nome COLIGAY era uma homenagem a boate.
O primeiro presidente foi Chico Gaúcho, de Charqueadas, dono da boate e o vice-presidente, Volmar Santos, gerente da boate. Foi um choque, em plena ditadura militar, um grupo de rapazes se declaravam abertamente gays.
A década de 70 vinha sendo dominada pelo Internacional, não só no futebol gaúcho, como também no futebol brasileiro.
O ano de 1977, segundo planejamento da diretoria do Grêmio, seria o início da recuperação tricolor, que não ganhava um campeonato gaúcho por oito longos anos. O campeonato gaúcho foi ganho, mas no campeonato brasileiro ficou em 13º lugar Voltando a COLIGAY, na primeira partida contra o Inter pelo campeonato brasileiro de 1977, a COLIGAY foi vítima de agressões e ofensas de torcedores gremistas e colorados.
O Grêmio goleou o Colorado por 4×0 e Iura, centroavante gremista, marcou o gol mais rápido dos grenais, até então.
Ao fim da partida a COLIGAY comemorou a goleada, ao estilo gay, o que irritou bastante a torcida e a diretoria do clube colorado.
A vida de Chico Gaúcho e Volmar, transformou-se num verdadeiro inferno, que atingiu seus familiares. Os colorados não davam trégua. Volmar tinha um sobrinho, Vilson, gremista como toda família e que vinha se destacando no “Zequinha” Esporte Clube São Jose, de Porto Alegre.
As atuações de Vilson, levaram olheiros de Grêmio e Internacional, ao estádio “Passo da Areia “ e logo surgiram propostas dos dois grandes gaúchos. Depois de muita indecisão, Vilson reuniu a família e disse que aceitaria a proposta do Colorado. Foi um choque, pressionado pelo tio Volmar, Vilson saiu do armário e expos seu plano aos familiares.
“Quero me vingar dos colorados, por tudo que fizeram contra a nossa família. Imagina tio, Grenal decidindo o campeonato gaúcho, com o Grêmio tendo a vantagem do empate, no Beira Rio. Faltando dois minutos pro fim do jogo, arranco do meio-campo em direção ao gol do Grêmio, driblo o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto, o goleiro sai, driblo o goleiro e fico cara a cara com o gol vazio e chuto pra fora. Nessa hora morre uns 50 colorados de infarto. O estádio começa a gritar… virado, virado, virado vai tomar caju seu filho da uva. Eu e Grêmio, família, sairíamos do Beira Rio, campeões e cobertos de glorias. Nossa família e a família de Chico Gaúcho, estariam definitivamente vingadas”.
Bem, até que enfim o Alfredo Melo assume a verdade que nunca quis calar: ele é o Gatinho Cruel, que agora sai de cena para dar lugar ao seu criador. Enorme criatura no sentido literal, na bondade, no caráter e no conhecimento profundo do futebol e das coisas boas da vida, inclusive pratos deliciosos. Ah, tem também a paixão pelo Botafogo cada dia maior.
