A decisão do Burger King Brasil de contratar um artista pornô para promover seus sanduíches é um exemplo chocante do que acontece quando a busca pelo choque e pela atenção ultrapassa os limites do bom senso e da responsabilidade social. Como publicitário, não posso deixar de expressar minha profunda decepção com essa estratégia desesperada e desrespeitosa.
É evidente que a publicidade visa atrair a atenção do público e gerar buzz em torno de um produto ou marca. No entanto, a contratação de um artista pornô para essa finalidade é um passo longe demais. Ao associar sua marca a uma figura do entretenimento adulto, o Burger King não apenas desrespeita seus clientes, mas também contribui para a objetificação e a sexualização inadequada de indivíduos.
Além disso, essa estratégia de marketing é especialmente perturbadora quando consideramos o público-alvo do Burger King, que inclui crianças e adolescentes. Ao expor esses grupos a uma figura associada à pornografia, a empresa está negligenciando completamente sua responsabilidade moral e ética. A publicidade deve ser responsável e respeitar os valores da sociedade em que está inserida, não promover conteúdo controverso e potencialmente prejudicial.
Vale ressaltar também que o Burger King está enviando uma mensagem preocupante ao mercado publicitário como um todo. Ao demonstrar que “vale tudo” em busca de atenção, a empresa incentiva outras marcas a seguirem o mesmo caminho, promovendo uma corrida rumo ao fundo do poço em termos de integridade e ética.
Além disso, essa estratégia arriscada pode ter consequências sérias para a reputação do Burger King. A marca corre o risco de alienar parte de sua base de clientes e enfrentar boicotes e críticas generalizadas. A longo prazo, essa abordagem irresponsável pode minar a confiança dos consumidores na marca e prejudicar sua posição no mercado.
Como publicitário, defendo uma abordagem mais ética e responsável para a publicidade. O sucesso de uma campanha não deve ser medido apenas pelo nível de choque que ela gera, mas sim pela sua capacidade de conectar-se genuinamente com o público e promover valores positivos. O Burger King Brasil errou gravemente ao priorizar a controvérsia em detrimento da integridade e do respeito pelos consumidores. E por isso, infelizmente, continuará sendo apenas o segundo na mente dos consumidores conscientes.
Sigo os mestres, a verdadeira escola de publicidade, Washington Oliveto, Nizan Guanaes entre outros dessa mesma linha.
Burger King tira comercial com Kid Bengala do ar após críticas
O Burger King retirou do ar nesta quinta-feira (15) o comercial com Kid Bengala que divulgava a promoção “Exagero”. A campanha promovia uma oferta de dois sanduíches por R$ 25.
A propaganda brincava com o tamanho dos lanches, o que gerou críticas nas redes sociais por conta do teor sexual da campanha. “O negócio é grande e não cabe na minha boca. Isso é vingança”, disse o ator pornô.
Em comunicado, a rede de fast-food disse que “sempre foi reconhecido por ser uma marca com uma comunicação moderna, bem-humorada e provocativa”. O Burger King ainda destacou que optou pela suspensão do comercial para “não ampliar as discussões e polarização nas redes”.