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Muitos imigrantes idosos vivem abaixo da linha da pobreza em Nova York

JSNEWS — O imigrante equatoriano, Francisco Palacios, 70 anos, chegou à cidade de Nova York em 1986 com o objetivo de ‘fazer o pé de meia para um dia retornar ao seu país e se aposentar. No entanto, depois de apenas trabalhar em empregos com baixos salários em restaurantes, canteiros de obras e lavanderia, ele não conseguiu juntar dinheiro como havia planejado para se aposentar, não retornou a seu pais e agora esta tentando apenas sobreviver.
Na maioria dos dias da semana, ele espera em uma esquina no Queens com outros diaristas, na esperança de que alguém o contrate para “dar um help” (uma gíria usada para trabalho temporário). A historia de Palácios e de outros imigrantes foi publicada no jornal americano New York Times nessa segunda-feira, 15.

Falando ao NY Times, Palacios disse que ainda tem energia e forças para trabalhar, para logo em seguida acrescentar:Não tenho futuro ”.

Francisco Palacios faz parte de pouco mais da metade da população da cidade de Nova York com idade superior a 65 anos. O numero de imigrantes que nessa faixa etária mais que dobrou devido ao envelhecimento dos imigrantes que vieram décadas atrás quando jovens adultos e trabalhadores.

Muitos desses migrantes afirmam que nunca planejaram envelhecer nos Estados Unidos e que, após passarem anos dizendo a frase: “Partirei esse ano”, eles simplesmente não se deram conta que não estavam se preparando para uma realidade diferente daquelas que vieram buscar nos Estados Unidos. Alguns ainda perseguem o sonho americano, seja lá o que for que isso signifique para eles.  Outros ficaram porque não podem deixar a vida que construíram por aqui ou não voltam porque não tem mais ninguém para recebe-los de volta.

Os imigrantes idosos alimentaram o rápido crescimento de uma população que já ultrapassa 1,4 milhão, de acordo com uma análise do Censo Social Explorer, uma empresa de análise de dados. Esses imigrantes vindos de dezenas de países, incluindo República Dominicana, China, Jamaica, Haiti e Colômbia, tornaram os bairros da cidade de NY mais diversificados e contribuíram para manter a economia vibrante, mas o crescimento dessa população também pressiona os serviços sociais que estão com recursos saturados e limitados, uma situação que agravou com a crise migratória.

Embora muitos idosos enfrentem dificuldades financeiras e isolamento social, os imigrantes mais idosos sofrem as piores condições, segundo especialistas em imigração. Eles tendem a ter menos anos de educação do que seus pares nascidos nos Estados Unidos e são menos propensos a ter renda de pensão ou investimento, segundo a análise do Censo Social Explorer, a renda média anual para um imigrante idoso é de US $ 14.592 ou pouco menos da metade dos US $30.019 recebidos por idosos nascidos nos Estados Unidos.

Muitos migrantes nessa situação não têm poupança e após anos de trabalho em empregos com baixos salários geralmente recebem menos em renda da previdência social do que os residentes nascidos nos EUA. Os imigrantes que vivem no país sem permissão legal não atendem aos requisitos para coletar qualquer quantia, e a isso ainda se somam outras barreiras linguísticas e culturais.

Jonathan Bowles, diretor executivo do Center For The Urban Future, uma organização sem fins lucrativos alertou para o envelhecimento da população imigrante no estado de Nova York, Ele citou que alguns migrantes mais idosos vivem abaixo do nivel da pobreza extrema a menos que as lideranças politicas encontrem maneiras de ajudá-los.
Em 2022, havia 163.000 imigrantes mais velhos vivendo abaixo da linha da pobreza na cidade de NY, um aumento de 37% em comparação com o número da década anterior, segundo o centro. “Os imigrantes deram muito à cidade em suas vidas profissionais. Seria impensável para a cidade dar as costas aos imigrantes à medida que envelhecem e suas necessidades crescem ”, disse Bowles que observa que, apesar de estarem desproporcionalmente concentrado em empregos com baixos rendimentos, os imigrantes são uma parte importante da economia local, uma vez que são responsáveis por cerca de 31% de todos os bens e serviços produzidos na região metropolitana de Nova York.

Jeanne Batalova, analista sênior de políticas do Migration Policy Institute, um grupo de pesquisa sediada em Washington DC, expressou que a maioria desses imigrantes acima de 65 anos chegaram aos Estados Unidos nas décadas de 1970, 1980 e 1990 e a maioria desses imigrantes se tornaram-se cidadãos americanos.

O New Immigrant Community Empowerment, um grupo de defesa dos direitos dos imigrantes no Queens, que realiza programas de treinamento e desenvolvimento de empregos, começou a ensinar habilidades financeiras aos imigrantes que procuram ajuda da organização para prepara-los para uma vida a longo prazo nos Estados Unidos. Para Hildalyn Colón Hernández, vice-diretor do grupo, “os imigrantes estão envelhecendo e não estão pensando no futuro”, disse.
A organização que tenta ajudar Palacios, o imigrantes do inicio da reportagem.

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