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Estados Unidos perderam guerra de 20 anos no Afeganistão, diz general americano

AFP – O chefe de Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, general Mark Milley, admitiu nesta quarta-feira (29) que o país perdeu a guerra de 20 anos no Afeganistão.

“Está claro, é óbvio para todos nós, que a guerra no Afeganistão não terminou nos termos que queríamos, com os talibãs no poder em Cabul”, disse o general Milley em audiência no Congresso.

“A guerra foi um fracasso estratégico”, acrescentou Milley ao Comitê das Forças Armadas da Câmara de Representantes sobre a retirada das tropas americanas do Afeganistão e a caótica evacuação dos civis da capital, Cabul.

“Não foi perdida nos últimos 20 dias, tampouco em 20 meses”, disse o general. “Há um efeito cumulativo em uma série de discussões estratégicas que remontam a muito tempo atrás.”

Milley é o principal assessor militar do presidente Joe Biden, que no mês passado pôs fim à presença de tropas americanas no Afeganistão após a invasão do país, em 2001.

“Sempre que ocorre um fenômeno como uma guerra que se perde — e assim foi —, no sentido de que cumprimos nossa tarefa estratégica de proteger os Estados Unidos contra a Al Qaeda, mas certamente o final é muito diferente do que queríamos”, destacou Milley.

“Então, sempre que ocorre um fenômeno como esse, há grande quantidade de fatores causais”, disse. “E vamos ter que ver como resolver isso. Muitas lições aprendidas aqui.”

Milley enumerou uma série de fatores aos quais atribui a derrota dos Estados Unidos, desde uma oportunidade perdida de capturar ou matar o líder da rede jihadista Al Qaeda, Osama bin Laden, no complexo de cavernas de Tora Bora, no leste do Afeganistão, em dezembro de 2001.

Ele também mencionou a decisão em 2003 de invadir o Iraque, que afastou as tropas americanas do Afeganistão, “sem lidar efetivamente com o Paquistão como um santuário [do Talibã]”, assim como a de tirar o pessoal do Afeganistão há alguns anos.

Biden ordenou em abril a retirada completa das forças americanas do Afeganistão antes de 31 de agosto, segundo um acordo alcançado com os talibãs pelo ex-presidente Donald Trump.

Milley e o general Kenneth McKenzie, chefe do Comando Central dos Estados Unidos, que abrange o Afeganistão, disseram na terça-feira (28) a um comitê do Senado que eles haviam pessoalmente recomendado manter 2.500 soldados no Afeganistão.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que Biden tinha recebido conselhos divergentes sobre o que fazer no Afeganistão. Os Estados Unidos invadiram o país após os atentados da Al Qaeda, em 11 de setembro de 2001.

“Em última instância, depende do comandante em chefe tomar uma decisão”, disse Psaki. “Ele tomou a decisão de que era a hora de pôr fim a uma guerra de 20 anos.”

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