JSNEWS – No terceiro dia do julgamento de impeachment de Trump no Senado, os legisladores da Câmara dos Representantes atuando como promotores forneceram exemplos para ilustrar como ele convocou explicitamente seus apoiadores a Washington no dia da invasão.
A congressista democrata Diana DeGette disse aos senadores – servindo como jurados no julgamento – que as “próprias declarações dos manifestantes antes, durante e depois do ataque deixaram claro que o ataque foi feito a pedido de Donald Trump para cumprir seus desejos“. “Este não foi um crime oculto”, disse DeGette. “O presidente disse a eles para estarem lá, então eles realmente acreditaram que não seriam punidos”.
DeGette mostrou um vídeo com um invasor comentado:“Ele ficará feliz , estamos lutando por Trump”.
A Câmara liderada pelos democratas em 13 de janeiro acusou o ex-presidente republicano de incitar uma insurreição ao exortar milhares de apoiadores a marchar no Capitólio enquanto o Congresso se reunia para certificar a vitória do democrata Joe Biden nas eleições.
Os democratas enfrentam a tarefa de garantir uma condenação e impedir Trump de ocupar cargos públicos novamente, dada sua popularidade contínua com muitos eleitores republicanos. Trump expressou interesse em concorrer novamente à presidência em 2024. Uma maioria de dois terços seria necessária para votar pela condenação, o que significa que pelo menos 17 senadores republicanos devem votar contra Trump.
Embora alguns senadores republicanos tenham dito que os administradores da Câmara estão apresentando seus argumentos bem, muitos se apegam à posição de que Trump não deve ser condenado.
O senador republicano Marco Rubio disse à Fox News que, embora o ataque de 6 de janeiro tenha sido “horrível“, o impeachment não era apropriado, visto que Trump não estava mais no cargo.
‘ELES DISSERAM’
Os nove legisladores que comandam a Câmara argumentam que Trump plantou as sementes do motim, encorajando a violência e fazendo alegações de que a eleição de 3 de novembro foi roubada muito antes de 6 de janeiro.
“Todas essas pessoas que foram presas e acusadas estão sendo responsabilizadas por suas ações. Seu líder, o homem que os incitou, também deve ser responsabilizado”, disse DeGette aos senadores. “Mas você não precisa acreditar apenas na minha palavra, de que os rebeldes agiram sob a direção de Donald Trump. Eles mesmos disseram isso.”
Cinco pessoas, incluindo um policial, morreram na violência e outros dois policiais envolvidos na resposta morreram nos dias seguintes em decorrência dos atos de violência.
Em um processo judicial em separado, os promotores federais disseram na quinta-feira, 11, que os membros da milícia anti-governo “Oath Keepers” elaboraram planos para invadir o Capitólio em 6 de janeiro e conspiraram para reunir uma “força de reação rápida”, armada e treinada “para luta corpo-a-corpo”.
Seis dos 50 senadores republicanos romperam com sua base política para ficar do lado dos democratas na terça-feira, quando o Senado votou que o julgamento de impeachment poderia prosseguir, embora o mandato de Trump tenha terminado em 20 de janeiro.
Na quinta-feira, o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, deixou em aberto a possibilidade de o Congresso buscar uma maneira diferente de punir Trump se o Senado o absolver. Isso inclui potencialmente invocar a 14ª Emenda da Constituição dos EUA, que dá ao Congresso o poder de impedir que funcionários públicos ocupem cargos se eles se envolverem em insurreição ou rebelião.
Lideranças republicanas já manifestaram a frustração com a relutância de seu partido em enfrentar Trump e estão em negociações para formar um partido separatista de centro-direita, conforme a disse a Agencia Reuters em seu site.
Os advogados de Trump, que terão 16 horas para apresentar sua defesa, disseram que o vídeo e outras evidências apresentadas pelos democratas não justificam sua culpabilidade.
Um dos advogados de Trump, David Schoen, disse a imprensa nessa a quinta-feira, que esperava que a equipe não precisasse de todas as 16 horas para apresentar seu caso.
O julgamento pode ser concluído no sábado ou domingo, de acordo com um assessor sênior do Senado.
Os nove membros da Câmara que processam o caso passaram grande parte da quarta-feira recontando os eventos que levaram ao motim e destacando a ameaça a Mike Pence, o vice-presidente de Trump.
Os senadores foram mostrados gravando imagens de segurança da multidão pró-Trump perseguindo os corredores do Capitólio gritando “Hang Mike Pence!” e procurando pela presidente da Câmara dos Democratas, Nancy Pelosi.
Trump é o primeiro presidente dos Estados Unidos a ser acusado duas vezes e o primeiro a enfrentar julgamento após deixar o cargo. Seu primeiro julgamento de impeachment, que resultou de seus esforços para pressionar a Ucrânia a investigar Biden, terminou em absolvição há um ano no que então era um Senado controlado pelos republicanos.
